Durante uma caminhada no Leblon, no Rio de Janeiro, Alceu Valença foi
atropelado por um ciclista e acabou fraturando a mão esquerda. O cantor contou
como tudo aconteceu em um relato em seu Facebook, nesta quinta-feira (15).
“Sigo em frente e olho para os lados antes de atravessar a pista. No
lado esquerdo, carros retidos diante do sinal fechado. Olho para o outro lado,
não vejo ninguém. Coloco o pé na ciclovia e, num susto, vejo aproximar-se de
mim o vulto de um ciclista todo vestido de preto, numa velocidade
inacreditável. Joguei o corpo para trás, mas senti que o guidon se chocara
contra minha mão esquerda. Urrei de dor.”, escreveu ele.
Alceu terá que ficar quatro semanas sem tocar violão, e teve que adiar
seu show acústico, que estava marcado no final do mês no Teatro Oi Casagrande.
A apresentação agora será em 17 de setembro mais o Show programado para amanhã
na cidade de Pesqueira está mantido conforme declarou a assessoria do artista.
Leia na íntegra o relato do cantor Alceu Valença sobre o ocorrido:
“Adoro andar de bicicleta. Mas neste dia deixei minha eguinha na
garagem e resolvi caminhar da minha casa, no Leblon, até o Arpoador e voltar.
Enquanto retornava pelo calçadão, ia cantarolando as belezas do Rio: “Eu te
procuro no Leblon, Copacabana / vejo velas de umbanda / um buquê jogado ao
mar”.
Ao passar em frente ao Posto 9, cantei: “Andar andar / nas ruas do Rio
de Janeiro / dezembro abril / a todo mundo eu dou psiu / perguntando por meu
bem /ainda resta um assobio / um desejo, nada além”.
Ao me aproximar do Jardim de Alah, lembrei de uma canção que compus há
muitos anos, logo que cheguei na Cidade Maravilhosa: “Era verão na cidade de
São Sebastião / do meu Rio de Janeiro / fevereiro se rendia / se entregando por
inteiro / seu azul seu mormaço a março que é mês do desejo..”.
Parei numa barraca de coco e fiquei contemplando o pôr do sol dourado
e divino que desmaiava junto ao Morro Dois Irmãos. O sol caiu lentamente
enquanto a lua surgia no céu. Em silêncio, quando somente as imagens sem música
povoavam a minha mente, caminhei até o final do Leblon. Passei por
manifestantes acampados que protestavam contra Cabral.
Sigo em frente e olho para os lados antes de atravessar a pista. No
lado esquerdo, carros retidos diante do sinal fechado. Olho para o outro lado,
não vejo ninguém. Coloco o pé na ciclovia e, num susto, vejo aproximar-se de
mim o vulto de um ciclista todo vestido de preto, numa velocidade
inacreditável. Joguei o corpo para trás, mas senti que o guidon se chocara
contra minha mão esquerda. Urrei de dor.
Ainda tive tempo de escutar alguém que passava gritar para o
desastrado ciclista: “Filho da Puta!”, enquanto o sujeito desaparecia a toda
velocidade pela infinita ciclovia. Não havia mais som ou imagem. Fui direto
para uma clínica e obtive o diagnóstico: fratura na mão esquerda, quatro
semanas sem tocar violão. Tive de adiar meu show acústico no Teatro Oi
Casagrande, que estava marcado para o fim do mês (e passou para o dia 17 de
setembro).
No dia seguinte, desafiando a mim mesmo, saio para caminhar com um
braço imobilizado e pendurado na tipoia. Muitos param para me perguntar o que
acontecera com minha mão e relato pacientemente o ocorrido. Um gari da
prefeitura se aproxima, cantando “Anunciação”. Quando explico o acidente, o
gari resume, com sabedoria: “ciclovia não é pista de corrida”. Andar, andar nas
ruas do Rio. Desviando dos buracos nas calçadas de pedrinhas portuguesas e de
ciclistas inconsequentes. O direito de um termina quando começa o do outro.” (Portal Terra)
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