*Dr.
Paulo Lima
Eu deveria ter posto outro
título nestas mal traçadas linhas, mas, se o fizesse talvez a maioria dos
poucos que me lêem abandonaria a leitura de imediato, já que o povo está com as
medidas cheias dessa gente! Acho que vocês já imaginam a quem estou me
referindo, mas não abandonem a leitura agora; leiam mais um pouco.
Embora não seja psicólogo,
longe disso, tenho matutado nesses últimos dias sobre a índole do brasileiro e,
sinceramente, nunca vi um povinho prá gostar do que não presta! Até parece que
o brasileiro sofre de uma eterna síndrome de “Macunaíma”, o malandro e herói
sem caráter imortalizado pela obra literária de Mário de Andrade. Pois é, minha
gente, quando será que o brasileiro vai se levar a sério e deixar de querer
levar vantagem em tudo, fazendo uso da famigerada “Lei do Gerson”? Com efeito, entra
ano e sai ano e a história é sempre a mesma; quando tem início o período
eleitoral o que mais se vê são as postagens nas redes sociais esculachando os
políticos, gente dizendo que desliga a tevê com meia hora de antecedência do
horário político, mas quando chegam às eleições lá vamos nós, eu inclusive, sufragar
nas urnas o nome do nosso herói, o político por nós escolhido para, um, dois ou
no máximo três meses após, voltarmos a esculachar a classe política,
principalmente aquele ou aquela em que confiamos o nosso voto. Outros tantos
descem a lenha generalizando a todos, mas se alguém perguntar em que deputado
ou senador votou nas últimas eleições é capaz de nem lembrar. A quem
interessar, vou logo adiantando que até o momento não me arrependi de ter
votado na Presidente DILMA ROUSSEF, mesmo correndo o risco de algum de vocês
nunca mais ler o que escrevo. Mas, como não pretendo servir de advogado da
nossa mandatária é melhor parar por aqui e voltar ao que interessa.
Disse certa feita o dramaturgo
Bertold Bhecht, a seguinte frase: “Triste de um povo que ainda precisa de
heróis!” Mas, convenhamos, o que seria da democracia se não existissem
esses heróis, salvadores da pátria e das classes menos favorecidas, que
costumam aparecer de quatro em quatro anos? Por falar nisso, se alguém
começasse a fazer uma contagem sobre as frases mais repetidas num período
eleitoral essa – as classes menos favorecidas –
ganharia de lambuja! E digo isto porque
prefiro mil vezes a pior democracia à melhor das ditaduras, embora existam
ainda alguns imbecis, saudosistas, que, vez por outra ousam bradar aos quatro
ventos pela volta dos militares ao poder, esquecendo que esse foi o período
mais sangrento de nossa recente história contemporânea e tal idéia só cabe
mesmo na cabeça de um jumento, com perdão ao querido jerico, animal sagrado
para o sertanejo sofrido, imortalizado na canção do grande Luiz Gonzaga. Hoje
não tem grande serventia no transporte do sertanejo, já que foi substituído
pela famigerada e mortal “cinquentinha”. São os ares do progresso chegando aos
sertões, diriam vocês e, na minha opinião, digo que é a carona oferecida aos
incautos pela “Caetana”, no dizer do imortal Ariano Suassuna.
Eu sei – e vocês hão de
concordar – que, embora no mais das vezes o povo procure um santo ou mesmo um
herói em tempos de eleição, parece que no frigir dos ovos ele vota justamente
naquele em que mais se identifica e acredito que aí esteja a explicação, pois
caso contrário não escolheria tão mal. Se alguém de vocês quiser exemplos
concretos basta ler os jornais ou mesmo acessar a internet, num desses blog´s
que falam de política e verão jorrar os “Renan Calheiros”, “Eduardo Cunha”,
“Sérgio Guerra”, “Eduardo Campos” e similares, mas, e quem votou nesses
elementos, será que pensava que estava votando em heróis nacionais? Certamente
estava votando num personagem no qual gostaria imensamente de estar no seu
lugar. Esta é a grande verdade. Está aí a explicação. Pode ser simplista, mas
não conheço outra mais razoável, até que alguém me prove o contrário, ou traga
a baila uma teoria mais convincente. O mais interessante é que a gente sempre
vive a procura desses heróis, como uma necessidade vital. Coisas de brasileiro.
Em tempo:
dedico estas mal traçadas linhas ao povo de nossa terrinha. A
rima não foi proposital.
Um abraço a todos.
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade
Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, Advogado, e
atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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