Acabei de retornar
ao meu País e ainda estou meio zonzo. A viagem iniciada à semana atrasada teve
alguns percalços e contratempos, que, sinceramente, não esperava, a começar por
um raio que caiu no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, acompanhado de uma
tempestade daquelas, prejudicando pousos e decolagens dos aviões, o que nos
obrigou a pernoitar em Belo Horizonte e a seguir viagem somente no dia seguinte,
após o pagamento de multas à companhia aérea, em razão da perda involuntária do
voo do dia anterior. Bogotá, na Colômbia, é uma cidade agradável e belíssima,
com ruas limpas e arborizadas, acompanhadas de um belo casario colonial, típico
da época da dominação espanhola nos países entrecortados pela Cordilheira dos
Andes. Estou cansado, mas isto não importa. Em verdade, somente queria sentar
diante do meu computador para rabiscar algumas linhas quando estivesse totalmente
restabelecido da viagem, mas, os fatos que tomei conhecimento tão logo pisei o
solo do meu País me obrigam a soltar este desabafo. O que está havendo com o
meu País?
O Brasil, como se
sabe, tornou-se conhecido mundialmente como o País da cordialidade e ganhou
este título, merecidamente, por conta do seu povo. Um povo alegre, cheio de
esperança e otimismo, cujos nativos não hesitavam em dar um abraço e acolher
com um sorriso nos lábios, todos, indistintamente, inclusive o forasteiro que
por aqui chegasse, sem contar, que, se fosse um irmão que estivesse retornando
à sua terra natal, o resultado seria festa na certa! Atualmente não é mais
assim... O que está havendo com o meu País, volto a perguntar?
Durante estes
poucos dias que passei em Cuba, após a saída de Bogotá, quase não tive notícias
do Brasil, já que, naquelas terras os meios de comunicação são deficitários e a
internet ainda é de difícil acesso, pela maioria das pessoas, por incrível que
isto possa parecer! Somente li duas ou três notinhas postas num canto de página
do "Granma",
o jornal oficial, com certa dificuldade de compreensão, já que não domino a
língua espanhola e, infelizmente, as mesmas não eram boas notícias, o que
somente veio a ser confirmado com a minha chegada à nossa terra natal. No
entanto, enquanto lá estava o que me deixava mais triste, nestes dias, é que,
sempre que alguém me perguntava o que estava ocorrendo no meu País, tinha
vergonha de falar, pois certamente não iriam entender a minha explicação. E não
seria por conta da dificuldade de compreender o meu "portunhol mal ajambrado"...
É certo, que, ao
iniciar a minha viagem as coisas já não andavam boas por aqui, pois a imprensa,
acompanhada de um punhado de políticos "cabras safados", havia
algum tempo já se encarregara de disseminar o seu ódio e o seu preconceito
contra a Presidente DILMA ROUSSEF e, nos últimos dias voltara toda a sua fúria
contra Lula da Silva, o homem que mudou a cara do Brasil. E por mais que me
pergunte qual foi o crime que eles cometeram, ou do que estão sendo acusados,
ninguém me responde; nem mesmo os meus botões. Mas, parafraseando o Juiz Sérgio
Moro, o novo herói nacional, "isto não vem ao caso"...
E por falar em heróis, está surgindo o Bolsonaro e, certamente dirá algum de
vocês, que compartilham dos meus pensamentos: desgraça pouca é bobagem.
Sim, pois o que
menos importa neste momento, onde o ódio e o preconceito em todas as suas
formas substituiu o sorriso no rosto do povo nas ruas, é o respeito à
democracia, ao estado de direito e ao devido processo legal, conquistas
oriundas da recente redemocratização e que, infelizmente, estão correndo o
sério risco de serem postas na lata de lixo! Talvez, ao final desta triste
estória Lula tenha que ser preso e Dilma tenha que ser posta para fora, pois,
quem sabe, somente deste modo à ira insana dos fariseus e hipócritas de ocasião
não seja aplacada? Só o tempo dirá. No
entanto, creio, nem mesmo assim o sorriso voltará à face do povo brasileiro, o
que é uma pena... E, finalizo estas mal traçadas linhas perguntando aos meus
botões: o que está havendo com o meu País? E eles, com a sua sabedoria de
sempre, permanecem calados...
*DR.
PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica,
bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal,
e atualmente exerce a advocacia.
Boa tarde Sr. Dr. Paulo, parabenizo pela sua viagem, mas fico triste pela sua visão da situação brasileira. Realmente tivemos conquista durantes os primeiros governos do PT, no entanto, tb tivemos problemas, muitos referentes aos casos inegáveis de corrupção do mensalão. Fui beneficiário dessa politica assistencialista, sim, (no caso o belo exemplo PROUNI), no entanto, nao compactuo dessa troca de favores nefasta no politica. Acompanha tantos midias pro e contra (PT, DILMA, LULA, GOVERNO) e lhe digo que todo esse todo o aparelhamento do governo continua desde outros governos anteriores, só que numa proporção gigantesca, que só fez aumentar a crise que vivemos e um intenso padecimento social. Não sou golpista, como alguns poderiam dizer, mas apoio o impeachment de qualquer presidente estiver envolvidos ou correlacionados com casos de corrupção. Moralmente estou triste com nosso situação, mas espero que no desenrolar dos acontecimentos históricos, independente do que ocorrer, nossa democracia possa sobreviver e sejamos mais críticos e não complacentes com governos corruptos. Obrigado!
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