SALVADOR: Três seguranças foram mortos no final da tarde desta segunda-feira (6)
no estacionamento do Estádio de Pituaçu, onde estava marcado para acontecer
hoje o ensaio da banda Harmonia do Samba (FOTO AO LADO), no evento a Melhor Segunda-Feira do
Mundo.
Eles eram trabalhadores terceirizados e prestavam serviço fazendo a
segurança do evento. Geraldo Mota Cunha e Derivaldo Rocha dos Santos, 34 anos,
foram baleados e depois tiveram os corpos queimados pelos atiradores, morrendo
no local.
Márcio Rogério Bandeira foi socorrido por uma ambulância do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu a caminho do hospital. Ambulantes
faziam o descarregamento de bebidas no local no momento em que os bandidos
executaram os homens. Dois homens com fardas do Exército e rostos pintados de
verde estavam no local, segundo testemunhas, eles chegaram a afirmaram serem
soldados, de acordo com uma comerciante de bebidas. Eles foram os responsáveis
por atirar contra os seguranças.
A ambulante Dora
Martins estava descansando em um colchão no local, aguardando o início da
movimentação do evento, quando o crime aconteceu. Antes, ela relata que dois
dos seguranças mortos, conhecidos dela por conta da festa, teriam chegado e
pedido licença para sentar nas cadeiras. Assim que eles sentaram, começou a
confusão. "Só ouvi os tiros", conta. Ela diz que sentiu o cheiro da
gasolina jogada nos corpos e logo depois atearam fogo. "Um deles caiu em
cima do meu colchão, não consegui abrir os olhos de tão assustada que
fiquei", relatou. Outro ambulante, Evandro Santos Santana, estimou em
R$800 o prejuízo que teve hoje, o fogo atingiu seu isopor e destruiu parte de
suas mercadorias. "Perdi muitas bebidas. Não teve a festa, ficamos no
prejuízo".
CRIME DE VINGANÇA: Segundo o delegado José Bezerra, diretor do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os três seguranças haviam acabado de
chegar pela passarela para trabalhar no evento quando aconteceu o crime, os
suspeitos já estavam no local. "Teve um veículo para fuga deles, um
veículo Gol", explica o delegado. "Tem uma situação que colocaram
fogo em dois deles. Mas a gente vai apurar ainda a motivação", acrescenta.
A perícia no local foi detalhada e só terminou quase quatro horas após as
mortes para determinar exatamente como os três foram mortos e que substância
foi usada para atear fogo nos corpos. A delegada Marilene Lima, também do DHPP,
que fez o levantamento das circunstâncias do crime no local, evitou dar
detalhes. "A gente precisa ainda conversar com os familiares e aprofundar
o que ocorreu", afirmou. O trabalho
da perícia aconteceu às escuras, isso por causa de tiros que atingiram um
equipamento da rede elétrica deixando as imediações de Pituaçu sem luz.
Segundo
testemunhas, os bandidos atiraram em um transformador na saída do
estacionamento. A Coelba informou que o chamado foi às 17h08 e às 17h51 mais de
90% das casas atingidas já estavam com energia normalizada. A situação foi
inteiramente normalizada às 19h34. De acordo com as primeiras informações, os
seguranças foram vítimas de um crime de vingança. O crime teria relação com a
agressão de um homem durante o ensaio da semana passada, essa possibilidade
ainda será investigada e não está confirmada.
Pessoas que trabalham na festa
relataram que na segunda-feira anterior (30) no mesmo evento houve um
"bate-boca" com alguns seguranças, entre eles os mortos. Fontes
policiais informaram que a vítima da agressão, que morreu dias
depois, era um traficante conhecido como Bolsa, da localidade do Boqueirão.
Comparsas teriam se reunido para vingar a morte. Familiares de Derivaldo estiveram no local e
preferiram não falar com a imprensa, temendo represálias relataram apenas serem
moradores de um bairro violento.
Mestre Roberto Ferreira, que era o mestre de
capoeira do segurança Geraldo, lamentou a morte do amigo, que deixa duas filhas, a caçula de apenas 2 anos. "Era gente boa, trabalhador. Ele sempre
trabalhava nessa festa", disse, afirmando que Geraldo era muito
querido no Cabula, onde morava. "Ontem ele estava com o pessoal da
academia, em uma roda de capoeira, tudo normal", lamenta. Ele afirma desconhecer qualquer confusão que
Geraldo tenha se envolvido durante a festa e não sabia de nenhuma ameaça contra
ele.
Após o crime, a assessoria do Harmonia do Samba cancelou o ensaio de
ontem, que seria o quinto show da temporada deste ano do evento, um dos mais
populares do calendário de verão de Salvador. A organização do evento lamentou
o ocorrido e se solidarizou com as famílias das vítimas e, em respeito a elas e
também devido ao transtornos nas mediações da festa, pediu desculpas ao público
e informou que os ingressos valerão para o evento da próxima semana, no dia 13
de fevereiro. Quem não desejar ir no dia 13, terá o valor ressarcido nos pontos
de vendas. (FONTE: Alexandro Mota - redacao@correio24horas.com.br/Recôncavo News
/ Boca de Zero 9)
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