*Por Dr.
Paulo Lima
Hoje de manhã, ao me
deparar com o espelho, vi, de forma mais acentuada, as rugas que começam a
tomar conta do meu rosto, prenunciando que a velhice está chegando. Não sei bem
porque hoje, mais que nas outras manhãs, isto me veio à mente. Talvez seja
mesmo a velhice chegando. Não que este fato me entristeça ou me cause temores,
pois, ao meu sentir devemos ter medo, sim, não de rugas, mas de não poder olhar
para o espelho, de manhã, depois de uma noite mal dormida, porque, como diz um
velho ditado, nada melhor que colocar a nossa cabeça num travesseiro e dormir
tranquilo…
Sei que a sociedade,
atualmente, vive um fenômeno cada vez mais acentuado, da cultura da beleza, que
se encontra ligada intrinsecamente à juventude. Não que o culto pelo belo seja
próprio dos dias atuais, pois já na Grécia antiga se cantava odes à beleza de
Helena, nos épicos poemas de Homero. Platão, filósofo grego, dizia que a
verdadeira beleza estava no saber, enquanto o Oráculo de Delfos, associava a
beleza à Justiça. E tanto isto é verdade que Têmis, a deusa da Justiça, embora
de olhos vendados e conduzindo numa de suas mãos a balança e em outra, a
espada, revela-se uma mulher bela. E a beleza não permite rugas… Os nossos
jovens, a pretexto de acentuar a sua beleza, mesmo que às custas de cirurgias
plásticas, muitas vezes desnecessárias, findam por violentar o seu corpo,
quando não morrem, devido a procedimentos cirúrgicos equivocados. E o que dizer
das mulheres, que nunca se conformam com as rugas trazidas pelo tempo?
Pois é. O espelho,
sempre ele, aliado ao tempo, não raras vezes é um inimigo implacável das
mulheres, que, inconformadas com as marcas que ele provoca, chegam às raias do
absurdo, violentando suas faces de forma irremediável, a exemplo da famosa
colunista Danuza Leão, que, de tanto fazer plásticas desfigurou o seu rosto,
outrora belo, transformando-o numa máscara dantesca! Gretchen, a outrora “rainha do rebolado” é
outro exemplo de insatisfação das mulheres com a idade e com as marcas do
tempo. Mas, como sabemos é tudo culpa dela, a vaidade, quando, em verdade
devíamos culpar a nós mesmos posto que, em verdade, deveríamos cultuar as rugas
de nosso rosto, como sinais de que viver vale à pena, quando a vida é bem
vivida!
Finalizo estas mal
traçadas linhas com a convicção plena, que, muito mais fortes que as rugas que
marcam a nossa face, mostrando as marcas indeléveis do tempo, são as rugas de
nossa alma; estas, sim, são marcas que nem a eternidade apaga…
Um abraço a todos.
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em
Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de
Direito do Recife, ex Procurador Federal (aposentado) e advogado.
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