sexta-feira, 8 de abril de 2016

FAVOR OU OBRIGAÇÃO?

*Dr. Paulo Lima

Todos sabemos que um país somente pode se orgulhar e se dizer nação, quando a maioria absoluta de sua população está alfabetizada. Esta e uma verdade absoluta e incontestável. E o que seríamos de nós sem os professores, pergunto?
Lembro, quando criança, que tinha sonhos, a maioria deles nem recordo mais. Somente quando adolescente é que me dei conta que, sendo pobre, não chegaria a lugar algum, se não estudasse. Foi difícil mas posso dizer que consegui, graças a vocês professores! No entanto, o tempo, esse implacável fenômeno que nos encaminha rumo ao ocaso, é inexorável, e dentre outros fenômenos provoca em nós, não raras vezes, o esquecimento de fatos que ficaram ao longo da estrada. Mas o fato é que nunca esquecerei de minhas mestras, que me encaminharam nas primeiras letras e a elas devoto a minha eterna gratidão.
O mais engraçado e irônico, porém,  é que hoje, quando se sabe o quanto ganha um juiz, um promotor, um engenheiro, um médico e mesmo um procurador, como é o meu caso, embora não exerça mais o cargo pois graças a Deus me aposentei, vejo o quanto este nosso País é  injusto para com vocês, professores.    Recebem infinitamente menos do que merecem!
O pior de tudo é que sonegam um direito básico, elementar, escrito em lei, descumprida descaradamente, concernente ao pagamento do piso nacional da categoria, justamente por aqueles, que, não fosse o esforço dos seus mestres, nem sequer chegariam a Office-boy ou agente de polícia.
Ora, senhores, façam-me um favor!
Pagar o piso nacional salarial para os professores de nossas cidades interioranas e mesmo do Recife, não é favor – é obrigação legal - e descumprir a lei pode resultar, em tese, no cometimento do ato de improbidade administrativa! Vejam bem!
E não adianta tentar tapar o sol com uma peneira, nem buscar desculpas esfarrapadas para sonegar o pagamento do piso nacional para os professores, pois verba existe!  Querem algumas sugestões, senhores gestores?
Cortem o pagamento de diárias para alguns privilegiados e para si próprios; reduzam pela metade os cargos comissionados; tirem os fantasmas da folha de pagamento da municipalidade e com certeza que sobrará dinheiro.
Gestão de primeira qualidade, senhores, se faz com seriedade e não com desculpas esfarrapadas e o resto; bem, o resto é conversa fiada e de conversa fiada o povo já está de saco cheio! E tenho a mais absoluta certeza de que, a continuar este estado de coisas, o povo logo, logo, vai querer mudança. Se duvidam paguem prá ver.

*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal (aposentado) e advogado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário