*Por Dr. Paulo Lima
Para quem não leu o
artigo escrito semana que passou, esclareço que estou escrevendo sobre a morte
de nossas matas, aqui na Serra da Taquara e da sua principal cultura, o café
orgânico. A serra está morrendo e quem irá lhe socorrer?
Eu não sei ao certo,
se este fato triste, a seca, vivenciada em nossa região, está provocando esta
tragédia anunciada; se ela é mais uma conseqüência da irresponsabilidade e da
ganância das pessoas, ou se tudo isto é uma conjugação de fatores. Ficam as
indagações, para uma reflexão… E como se não fosse o bastante, em razão da
seca, estão transformando a nossa serra numa verdadeira “tábua de pirulitos”,
tal a quantidade de poços que estão sendo perfurados e que se multiplicam
diuturnamente, extraindo a água, ou o pouco dela que ainda nos resta, das
entranhas de nossa serra, com prejuízo para as nossas matas, outra grande
riqueza que está desaparecendo a olhos vistos. E ninguém faz nada para impedir.
O que pensam, todos, afinal?
Alguém, que não me
recordo o nome no momento, me falou há tempos atrás, que a água de nossa serra
decorre de grandes bolsões existentes entre as rochas, que foram acumulando e
enchendo aos poucos, ao longo dos anos, por conta das chuvas, abundantes em
tempos atrás. Ora, assim sendo, resta evidente, que, de onde se tira e não se
repõe o resultado é um só: o vazio! Dia desses outro amigo, GENIVALDO ARNÓBIO,
agricultor e proprietário de um pequeno sítio, aqui em Taquaritinga do Norte,
pessoa a quem prezo bastante e que está sendo deveras injustiçada, coitado,
pois ate o momento não obteve a sua tão sonhada aposentadoria por idade, devida
ao trabalhador rural, me contou que no ano que passou, por não ter nenhuma
condição financeira para colher o café, ali produzido e por conta, também do
baixo preço do produto no mercado, sujeitou-se a colher o mesmo a troco das
diárias obtidas dessa colheita, entregando os grãos ao interessado em troca das
mesmas, o que é deveras lamentável. Tivesse ele um incentivo, certamente não
teria entregue o seu produto a troco de diárias, pagas mediante o suor do seu
rosto…
Mas, como dito em
linhas pretéritas, tudo isto decorre de uma conjugação de fatores, os mais
diversos, que vão desde a falta de esclarecimento das pessoas, do ganho fácil
com a venda da água, da indiferenças de nossos órgãos públicos, tanto a nível
do executivo – IBAMA, CPRH e Poder Executivo Municipal – como também a nível do
Poder Judiciário ou, mais propriamente, do Ministério Público, que, salvo engano
até o momento pouco ou nada fez para tentar dar uma basta a esse estado de
coisas, valendo salientar, que, dentre às relevantes atribuições
constitucionais que foram delegadas a esse importante Órgão Ministerial,
responsável em grande parte pela preservação do estado de direito democrático,
está, também e principalmente, a defesa intransigente do meio ambiente, nos
termos do inciso III do art. 129 da vigente Constituição Federal.
O fato é que, a indiferença, no mais das vezes, pode levar a
morte e a nossa serra está morrendo. É uma pena…
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela
Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife
e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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