*Por Dr. Paulo Lima
A frase acima, com a qual inicio estas mal traçadas linhas,
sintetiza muito bem a maioria dos políticos que permeiam o cenário nacional. A
maioria, frise-se bem. Para quem não sabe, ADEMAR DE BARROS foi um dos
políticos brasileiros que ficou milionário às custas do dinheiro do povo.
Governador do Estado de São Paulo, por duas legislaturas, e candidato a
Presidente da República, por duas vezes, ficou na terceira colocação fato que
demonstra, infelizmente, a tolerância do povo brasileiro para com os políticos
corruptos e ladrões. Relatam fontes históricas que ADEMAR DE BARROS
notabilizou-se como governador, pelas obras realizadas em São Paulo e também
pelos desvios (eu não gosto muito desta
palavra; prefiro roubo) do dinheiro dos cofres públicos.
Ao que se sabe, somente na casa da sua amante, por nome Ana Capriglioni,
no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, Ademar de Barros chegou a
esconder num cofre pesando trezentos e cinquenta quilos, a espantosa quantia de U$ 2,4 milhões de dólares, em valores da
época, quantia esta, que, se corrigida e convertida em reais somaria alguns
bilhões! Esta quantia foi "expropriada"
(esta era a linguagem utilizada) pelos guerrilheiros da VAR-Palmares, uma organização
de extrema esquerda que combateu o regime militar de 1964, cujo objetivo era a
implantação de um regime comunista em nosso País, em cinematográfico assalto,
ocorrido na tarde de 18 de julho de 1969 e foi, segundo o jornalista Elio
Gaspari, em seu livro "A Ditadura Escancarada",
o maior assalto praticado na história das forças de extrema esquerda no mundo
até aquela época. O roubo, cuja ação foi
coordenada pelos dirigentes da organização, tinha como finalidade a utilização
de uma pequena parte do dinheiro para financiar a guerrilha no Brasil e o
grosso deveria ser enviado para o exterior, para a manutenção dos políticos e
demais exilados, perseguidos pela ditadura militar. Segundo a ex-guerrilheira e
militante Maria do Carmo Brito, parte do dinheiro, quantia correspondente a aproximadamente
um milhão de dólares, foi encaminhado à Argélia, através do embaixador daquele
País no Brasil, Hafid Keramane, sob os cuidados do ex-governador de Pernambuco,
Miguel Arraes, sendo depositada num banco da Suíça e não se sabe ao certo o seu
destino e se realmente teve a utilização pretendida, no seu todo.
O fato é que, o então governador ADEMAR DE BARROS não teve como
admitir oficialmente o roubo da fortuna, já que se tratava de dinheiro sujo, roubado
do povo, mas isso não impediu que os órgãos oficiais e não oficiais de
repressão na época travassem uma extraordinária perseguição aos guerrilheiros
para por as mãos na fortuna, sem lograr êxito.
É certo que a "célebre" frase "Ademar rouba, mas faz",
que, segundo os historiadores da época seria usada de forma não oficial nas
campanhas do político, era perfeitamente tolerada pela população de São Paulo
já que, para muitos, o que importava eram as obras e, no caso, o gestor público
poderia perfeitamente "afanar"
parte do dinheiro e reflete, ainda hoje, a qualidade da maioria de nossos
políticos. São Paulo, ao que tudo
indica, parece ser um Estado pródigo nesses casos, já que em tempos recentes
vimos o verdadeiro turbilhão de desvios de dinheiro, por PAULO MALUF, bem como
os escândalos das obras do metrô de São Paulo, aí incluído o chamado "trensalão
tucano" e tantos outros.
Mas não é só. Atualmente, assistimos a mais um "assalto" aos cofres públicos,
através dos desvios bilionários praticados na PETROBRAS - um dos maiores patrimônios do povo brasileiro - fato que nem causa
mais tanta perplexidade. É uma pena.
O fato é que desvios desta natureza, infelizmente, não são apenas
privilégios dos grandes tubarões da política nacional. Exemplos podem ser
citados às escâncaras, nas prefeituras de nossas cidades interioranas, aonde um
prefeito chega para assumir o cargo levando pela corda uma cachorrinha - fazendo uso de um adágio popular - e,
ao terminar o mandato (alguns, inclusive,
teimam em não largar o osso, querendo se perpetuar no poder) amealham
considerável fortuna. O que mais nos
entristece, no entanto é que, no mais das vezes, levada por uma paixão
política, cega e doentia, certa camada da população prefere fazer "vistas
grossas", como se o roubo do dinheiro do povo pudesse ser justificado pela
realização de obras! São para essas pessoas, de mente pequena, que dedico estas
mal traçadas linhas, homenageando-as com a sugestiva frase: "Ademar
rouba, mas faz"!
*DR.
PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica,
bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal,
e atualmente exerce a advocacia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário