terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

DELÍRIOS DE UMA PAIXÃO

*Por Dr. Paulo Lima

Não pensem que tenho pretensões de ser escritor e muito menos ser poeta, apesar do título um tanto “afrescalhado”, com perdão do termo machista e até certo ponto, chulo. É que, dia desses, passando em frente a uma livraria no Shopping Tacaruna, vi exposto na vitrine um livro de poesias de uma autora pernambucana, cujo “sugestivo” título tomei por empréstimo para traçar estas linhas. Não é que eu tenha gostado, pois o livro pode até ser bom e disso nunca vou ter certeza, pois não o lerei, mas, aqui prá nós, é um tanto pretensioso e chega a ser brega, já que, convenhamos, toda paixão é um delírio e, portanto, soa até redundante tal frase.
Mas, continuando, semana que passou a professora (prefiro tratá-la deste modo) MARGARIDA CANTARELLI foi empossada na cadeira de Presidente da Academia Pernambucana de Letras e, merecidamente, pois é uma das figuras mais extraordinárias que conheço. É a ternura em forma de pessoa, um espírito elevado e, por estas e outras, merece todas as homenagens!  A noite de posse foi muito concorrida e, segundo uma pessoa bem próxima, que compareceu ao evento, a nata da Casa Grande, a elite de Pernambuco, inclusive política, se fez presente ao evento. Era um verdadeiro desfile de vaidade, moda e de “caras e bocas”! As mulheres, que, na quase totalidade, desfilavam pelo recinto com os narizes um tanto arrebitados e as faces plastificadas e rijas, graças aos efeitos “miraculosos” da toxina botulínica, vez por outra davam um tropeço. Talvez por conta do piso de entrada um tanto irregular e, possivelmente, por causa dos sapatos de salto agulha, com meio palmo de altura, mas principalmente, porque não abaixavam a cabeça em nenhum momento, sequer para dar um passo! Os homens, empresários, juristas, desembargadores e juízes, políticos aos cachos e colunistas sociais, também se faziam presentes, mas estes, os senhores, diferentemente das madames, não expunham suas vaidades. Guardavam-nas para si mesmos… E lá estava ela, entre eles, a “famosa” escritora do livro de poemas que encabeça estes escritos, se sentindo a própria!
Sinceramente, e me perdoem os que pensam diferente, não sei por que “cargas d´água” uma pessoa que escreve um simples livreto de poesias se mete a dizer que é escritora. É uma enxerida, isso sim! E digo isto com conhecimento de causa, pois eu mesmo não gostaria nunca que alguém me chamasse de escritor, somente porque toda semana escrevo e publico um artigo que vocês, que fazem parte desta meia dúzia de fieis e pacientes leitores têm a bondade de ler. Ora, minha gente, sou no máximo um enxerido! E afirmo com convicção, que, mesmo que chegue a compilar em um ou dois livros parte desses escritos, nunca permitirei que me chamem de escritor. Sou e serei, repito, um enxerido, metido a rascunhar textos semanalmente!
Digo isto, pois considero a escrita um dom de Deus e poucas são as pessoas aquinhoadas com esse dom! O fato, - e agora vejo com mais nitidez, graças ao passar dos anos – é que, a simplicidade é uma das mais importantes qualidades da pessoa humana e esta qualidade a professora MARGARIDA CANTARELLI tem de sobra! A esta grande criatura, meus respeitos e as minhas homenagens.
Em tempo: Como nunca vou ser um escritor e, agora que estou aposentado, vou exercitar um dom que Deus me deu e voltar a tocar meu instrumento, para, quem sabe, mais adiante poder até ser chamado de tocador de sax?! Já é um bom começo…

Abraços a todos.

*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex Procurador Federal (aposentado) e advogado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário