Os idosos carentes de Catolé do Rocha, a
411 quilômetros de João Pessoa, no sertão da Paraíba, poderão receber
medicamento para disfunção erétil gratuitamente através da Secretaria de Saúde
do Município. Um projeto de lei inédito, que já teve a aprovação por
unanimidade na Câmara do Município e que foi batizado popularmente de 'Pinto
Feliz', permitirá a distribuição da medicação para os idosos de baixa renda,
após eles passarem por avaliação médica.
O projeto de Lei nº 003/2014 de autoria
do vereador Ari Nunes (FOTO) foi
aprovado pelos 11 votos dos vereadores de Catolé do Rocha, que tem cerca de 30
mil habitantes nessa segunda-feira (24). Agora, o projeto aguarda a sanção do
prefeito Leomar Benício (PTB), que já recebeu o projeto da Câmara, teria tomado
conhecimento do seu conteúdo, mas ainda não teria analisado o documento.
Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a decisão sobre o projeto
acontece somente depois do carnaval.
O vereador Ari Nunes contou que decidiu
fazer o projeto para tentar transformá-lo em lei porque recebia constantemente
pedidos de idosos com baixo poder aquisitivo e sem condições financeiras para
comprar o remédio. "Eles me pediam sempre e eu não queria causar
problemas. Já tivemos aqui no município alguns casos de morte de idosos no
momento do ato sexual por ingestão do medicamento para disfunção erétil sem
passar por avaliação médica. Por isso, decidimos tentar evitar que mais mortes
desse tipo aconteçam", justificou.
De acordo com o projeto, o idoso teria
a prescrição do remédio após passar por avaliação médica através do Sistema
Único de Saúde (SUS) e receberia o medicamento da Secretaria de Saúde do
Município, através dos postos de Saúde da Família. "A ideia é polêmica,
mas a intenção é dar qualidade de vida porque os idosos pobres também têm o
direito de poder usufruir disso", disse. Na opinião dele, o projeto é
muito benéfico porque evitará a automedicação e incentivará os homens mais
velhos a buscarem consultas médicas. Além da devida receita prescrita, o idoso
tem também que comprovar renda de até dois salários mínimos.
Política
Pública de Saúde: O urologista
Leonardo Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, seção
Paraíba, disse ao Portal Correio que o projeto aprovado pela Câmara do
município de Catolé do Rocha é extremamente importante. "É uma ideia louvável que nós já
estamos tentando, há seis anos, implantar através de uma política de saúde
pública junto ao Ministério da Saúde", revelou o especialista.
Leonardo Fonseca, no entanto, advertiu
para que regras sejam seguidas, como por exemplo a de que o paciente deve ser
avaliado por um urologista. "Para receber a medicação, o idoso precisa ser
avaliado pelo menos numa consulta inicial por um urologista. Só um médico
generalista não tem condições de fazer uma avaliação mais precisa que é
extremamente necessária", ratificou O médico explicou que não é todo
paciente que pode receber esse tipo de medicação; teriam que ser avaliadas as
necessidades e os riscos das doses para cada paciente.
Os medicamentos para disfunção erétil
não podem ser usados por pessoas que tomam remédios vasodilatadores, como os
nitratos, e o maior problema acontece em relação a interação com outros
medicamentos que podem causar uma diminuição súbita da pressão arterial e do
fluxo sanguíneo nas artérias coronárias. "Tem que ver também se o paciente
não apresenta alergia ao composto", acrescentou.
Uso
por jovens é perigoso: O urologista
Leonardo Fonseca alertou para o consumo recreacional dos medicamentos para
disfunção erétil principalmente por jovens. Na maioria das vezes, não há
necessidade do uso e por isso as consequências são danosas. "O que pode
acontecer, entre outras coisas, é a dependência psicológica, ou seja, o jovem
ficar achando que só terá uma ereção satisfatória com o uso do
medicamento", alertou.Além disso, ele informou que os efeitos
colaterais são intensos e nos casos dos jovens, eles podem ficar com ereção por
um período muito longo, causando danos à saúde.
"Geralmente, essas pessoas usam o
medicamento de forma indiscriminada e escondida, por isso o uso tanto por quem
não precisa como por quem não pode usar o remédio é muito perigoso",
revelou. O especialista revelou ainda que não é possível ter ideia de números em
relação a ocorrências de mortes ou sequelas causadas pelo uso indiscriminado
das medicações para disfunção erétil. “Infelizmente, a automedicação é alta em
relação a esse tipo de remédio e as pessoas fazem isso de forma escondida, por
isso fica difícil fazer estatísticas a esse respeito”, informou. (Por Portal
correio.UOL)
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