*Dr. Paulo Lima
Sei que vocês, que
têm a bondade e a paciência de ler os meus escritos estão imaginando, que, por
causa do título acima irão ler um artigo de cunho socialista, lhes digo:
erraram redondamente! Em verdade estas mal traçadas linhas não têm muito a ver
com o título acima, ou será que tem? Sinceramente já nem sei mais. O fato é que
imaginava dar outro título, tal como, “retratos de uma tragédia anunciada”, mas
o que eu gostaria mesmo era estar escrevendo sobre coisas boas, alegres...
Deixemos de tergiversar e vamos ao que interessa.
Ao sentar em
frente ao computador havia de acabado de assistir um documentário muito
interessante, sobre uma associação de mulheres da Costa Rica, que, na década de
1990 foram deixadas em seus pequenos sítios, por seus maridos, tangidos para a
cidade grande em busca da sorte e, sendo elas plantadoras de café fundaram uma
associação em busca de profissionalizar a sua atividade, e hoje o café por elas
produzido é sucesso absoluto de vendas no mercado internacional e elas se
sustentam e aos seus, com o fruto desse trabalho, qual seja, o café orgânico. E
fiquei a matutar com os meus botões: o que aconteceu com o café que era
produzido em nossa Serra da Taquara?
Ainda lembro,
quando pequeno, das idas para o sítio dos meus avós paternos, nas “flecheiras”,
na época da colheita do café. Para mim era uma delícia, principalmente na hora
do almoço, quando comíamos aquele feijão preparado numa panela de barro, com
carne de charque, toucinho de porco, lingüiça e banana verde, tudo misturado!
Hoje guardo apenas recordações daquele tempo, já que nem sei mais se ainda
existe o sítio; o que sei é que o café que outrora era produzido, não somente
nele, mas em vários sítios, aqui de nossa terrinha, está desaparecendo de
nossas matas, posto que vem sendo vertiginosamente substituído por capim e gado
e isto causa uma tristeza profunda, em comparação com a história de sucesso que
acabei de relatar. É uma pena. O que está
acontecendo, afinal?
Tantas são as
respostas, que somente caberiam num livro, não num pequeno espaço como este,
mas a realidade é que a natureza está agonizando e pede socorro e se providências
urgentes não forem tomadas, num breve espaço de tempo não teremos mais, sequer,
o verde de nossas matas, muito menos o café gostoso que ainda temos o prazer de
provar, fruto da tenacidade e da teimosia de pouquíssimas pessoas, a exemplo do
meu amigo PAULO ARAGÃO, aqui de Taquaritinga do Norte, mais conhecido como
“Paulo de Elpídio”, que ainda produz um café de excelente qualidade. Até mesmo LUIZ OLAVO, um dos netos do
falecido SEVERINO PEREIRA DA SILVA, patrono de Taquaritinga do Norte,
proprietário do Sítio Conceição, que detinha a maior produção de café orgânico
de nossa região, abandonou o lugar à própria sorte, em razão, talvez, dos
prejuízos crescentes decorrente da produção dessa cultura milenar, o café. Não
sei ao certo qual vai ser o destino daquele sítio, mas temo só em pensar que
poderá ser transformado em pastagem para gado. O fato, repiso, é que a serra
está morrendo e pede socorro.
*DR. PAULO
ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica de
Pernambuco, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, Advogado,
e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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