sexta-feira, 21 de agosto de 2015

As rugas de nosso rosto

*Por Dr. Paulo Lima

Hoje de manhã, ao me deparar com o espelho, vi, de forma mais acentuada, as rugas que começam a tomar conta do meu rosto, prenunciando que a velhice está chegando. Não sei bem porque hoje, mais que nas outras manhãs, isto me veio à mente. Talvez seja mesmo a velhice chegando. Não que este fato me entristeça ou me cause temores, pois, ao meu sentir devemos ter medo, sim, não de rugas, mas de não poder olhar para o espelho, de manhã, depois de uma noite mal dormida, porque, como diz um velho ditado, nada melhor que colocar a nossa cabeça num travesseiro e dormir tranquilo…
Sei que a sociedade, atualmente, vive um fenômeno cada vez mais acentuado, da cultura da beleza, que se encontra ligada intrinsecamente à juventude. Não que o culto pelo belo seja próprio dos dias atuais, pois já na Grécia antiga se cantava odes à beleza de Helena, nos épicos poemas de Homero. Platão, filósofo grego, dizia que a verdadeira beleza estava no saber, enquanto o Oráculo de Delfos, associava a beleza à Justiça. E tanto isto é verdade que Têmis, a deusa da Justiça, embora de olhos vendados e conduzindo numa de suas mãos a balança e em outra, a espada, revela-se uma mulher bela. E a beleza não permite rugas… Os nossos jovens, a pretexto de acentuar a sua beleza, mesmo que às custas de cirurgias plásticas, muitas vezes desnecessárias, findam por violentar o seu corpo, quando não morrem, devido a procedimentos cirúrgicos equivocados. E o que dizer das mulheres, que nunca se conformam com as rugas trazidas pelo tempo?
Pois é. O espelho, sempre ele, aliado ao tempo, não raras vezes é um inimigo implacável das mulheres, que, inconformadas com as marcas que ele provoca, chegam às raias do absurdo, violentando suas faces de forma irremediável, a exemplo da famosa colunista Danuza Leão, que, de tanto fazer plásticas desfigurou o seu rosto, outrora belo, transformando-o numa máscara dantesca!  Gretchen, a outrora “rainha do rebolado” é outro exemplo de insatisfação das mulheres com a idade e com as marcas do tempo. Mas, como sabemos é tudo culpa dela, a vaidade, quando, em verdade devíamos culpar a nós mesmos posto que, em verdade, deveríamos cultuar as rugas de nosso rosto, como sinais de que viver vale à pena, quando a vida é bem vivida!
Finalizo estas mal traçadas linhas com a convicção plena, que, muito mais fortes que as rugas que marcam a nossa face, mostrando as marcas indeléveis do tempo, são as rugas de nossa alma; estas, sim, são marcas que nem a eternidade apaga…
Um abraço a todos.

*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex Procurador Federal (aposentado) e advogado. 

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