Eu não lembro direito
- e creio que isto é mal da idade - mas acho que já escrevi algum artigo ou,
como diriam vocês, crônica, falando em gatos, esses bichanos maravilhosos. Aqui
mesmo na casa onde moro, nas “Olinda”, tem mais ou menos uns cinquenta! Não é exagero; é a mais pura verdade! Mas tem
um gato em especial, cujo nome é “Julinho”, o xodó da patroa. O “dito cujo” é
tão metido, mas tão metido, que só gosta de comer “blanquet de peru”, vejam
vocês! Às vezes, quando o sono chega e vou dormir, lá se encontra ele,
aboletado entre os travesseiros, no maior dos sonos, e eu que me atreva a
acordá-lo!? É bem capaz de levar um arranhão, se não uma mordida, e ainda corro
o risco de dormir no sofá! É privilégio prá ninguém botar defeito, (que ela, a
patroa, não me ouça)…
Confesso que até gosto
de gatos, ou melhor, de bichanos, como esses seres inocentes são chamados
carinhosamente, mas tem hora que perco a paciência! também pudera. conviver harmoniosamente com dois ou três
gatos, até que dá, mais com CINQUENTA DELES, já é um pouco demais, vocês não
acham? Mesmo porque, creio, não sou
nenhum espírito reencarnado de um faraó do Egito, mas, quando muito, de um
afrodescendente que não gostava de tomar sol, nem de conviver com tantos gatos.
Para quem não sabe, os
egípcios, no tempo dos faraós, gostavam tanto e tinham tanta veneração aos
bichanos que costumavam raspar as sobrancelhas em sinal de luto quando um de
seus bichinhos de estimação morria. Aqui, as gatinhas raspam as sobrancelhas
quando passam no vestibular… Refiro-me aos gatos, claro. E até as mulheres viam
neles um símbolo de beleza, tanto que pintavam os olhos tentando imitar o
contorno perfeito do olhar dos bichanos. Por falar nisso, parece que até ALCEU
VALENÇA gosta de gatos, ou de gatas. Lembram daquela música dele, intitulada,
“Como dois animais”? Ela começa assim: “Uma moça bonita, de olhar gateado,
deixou em pedaços, meu coração”… Eu gosto dessa música, admito. Mas, voltemos
ao Egito antigo.
Os bichanos eram tão
idolatrados que os egípcios davam a eles os mesmos rituais fúnebres que eram
dispensados à realeza e, tal qual, eram embalsamados e sepultados na mesma
tumba onde mais adiante iria repousar o faraó pois acreditavam, que,
posteriormente, a alma do dito cujo retornaria ao seu corpo e queriam também
que o seu bichano estivesse com eles, quando da viagem de volta. Caso não
saibam, no século XIX, arqueólogos descobriram mais de 300 mil múmias de gatos
num cemitério em Tall Bastah, cidade que fica localizada no delta do Rio Nilo,
onde ficava o templo da deusa Bastet. Esta deusa, para quem não sabe, tinha
corpo de mulher e cabeça de gata. E, uma curiosidade: se alguém matasse um
desses bichanos, naqueles tempos, podia ser condenado à morte, que tal? Mas,
aqui, prá nós, vou logo dizendo: adoro gatos!
Agora, aqui em casa
tem uma gatinha que é mesmo uma danadinha e se chama “princesinha”, mas bem que
poderia ser chamada de “Eduarda”, em homenagem ao “querido e idolatrado”
Presidente da Câmara, o incomparável EDUARDO CUNHA! É que a bichana gosta tanto de dinheiro,
acreditem, que, quando encontra uma bolsa ou carteira dando sopa em cima de uma
mesa ou de uma cadeira, a peste mete as garras e não deixa uma única cédula de
R$ 100,00 (cem reais) dentro. Agora, o que faz com o dinheiro é um puro
mistério! Embora, ultimamente, não tenha visto muito dessas notas, até já
coloquei uma chave na gaveta da minha cômoda, onde guardo os meus trocados na
carteira, pois, já pensaram se a danada cismar em colecionar outras notas
menores? Pobre de mim…
*DR. PAULO ROBERTO DE
LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito
pela Faculdade de Direito do Recife, ex Procurador Federal (aposentado) e
advogado.
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