ALAGOINHA: Um jovem de 20 anos conciliou os estudos com o trabalho no campo, e
conseguiu ser aprovado em medicina. Todos os dias, Jeferson César Silva de Oliveira ajudava os pais a tirar o leite da
vaca e nos trabalhos na roça. Além disso, cursava licenciatura em física no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
durante três anos, em Pesqueira, município vizinho da localidade do jovem que
mora no Sítio Lage do Carrapicho, zona rural de Alagoinha, Agreste
pernambucano. Jeferson conquistou o terceiro lugar no curso da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, pelo Sistema de Seleção Unificada
(Sisu), tirando 920 na redação do Enem. “Não tive nenhum professor para me
ajudar. Apenas pegava um tema na internet e treinava uma redação por semana”,
relata que é o primeiro da família a cursar o ensino superior. Seus pais só
estudaram até a terceira série do ensino fundamental.
O rapaz disse que
sempre teve vontade de cursar medicina, mas não tentou uma vaga antes por causa
da seca que atingiu a região com mais intensidade em 2012 e relatou “minha
família não tinha condições financeiras para me manter em outra cidade”. Por
isso, cursou licenciatura em física em uma cidade mais próxima, e mesmo não
sendo o que queria, era o mais conveniente na época. Disse ainda, que ganhava
bolsas no antigo curso que o ajudavam para alcançar o sonho de estudar para a
profissão desejada. “Sempre que podia juntava um pouco do dinheiro para poder
me manter pelo menos no início do curso de medicina em alguma cidade. Então, em
2015, quando percebi que nós estávamos nos reestruturando após a seca, decidi
arriscar”, relatou.
A inspiração para
fazer medicina vem da realidade do lugar onde vive com os pais e a irmã de 10
anos. “Moro em uma cidade pequena, e todos nós sabemos a dificuldade de médicos
para atender a população. Pensando no futuro, escolhi medicina para poder
contribuir com o bem estar das pessoas”, contou. Jeferson passou pelo sistema
de cotas e aguarda o início das aulas, previsto para este semestre.
ROTINA DE ESTUDOS: O dia do jovem começava cedo: às 5h acordava, tirava leite
da vaca e trabalhava até umas 10h com o pai no campo. “Lá eu levava meu celular
e com o fone de ouvido ia escutando algumas aulas que eu tinha encontrado na
internet”, afirmou. Em seguida, ele tinha o tempo livre até as 14h, com o
horário do almoço incluso. E era nesse tempo livre que os livros tomavam conta
das ocupações do jovem. Após resolver os trabalhos do curso, começava os
estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), chegando a responder
cerca de 6.500 questões de exames anteriores. “À tarde eu trabalhava até as 17h
e ia me arrumar para a faculdade. Lá, estudava até as 22h”, conta. Ao chegar em
casa, estudava por mais uma hora antes de dormir. (FONTE: G1)
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