Levar a tocha olímpica
para casa tem um custo financeiro à pessoa que por ela correu de braço erguido.
Essa cobrança, feita pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos aos escolhidos
para a tarefa, gera discussão nos bastidores do revezamento do símbolo máximo
das Olimpíadas. Funciona assim: o Comitê envia por e-mail, sob o assunto
“Título de cobrança”, um boleto bancário para ser pago num prazo inferior a um
mês. O valor? R$ 1.985,90. O ex-nadador Marcelo Falcão, que trabalhou como
árbitro de natação nas Olimpíadas de Pequim e repetirá a função nos Jogos Rio
2016, pagou com dinheiro emprestado. “O ideal é que as pessoas convidadas não
tivessem despesa, mas comprei pela simbologia; pra mim é uma relíquia”,
justifica.
A pentatleta
pernambucana Yane Marques (FOTO ACIMA), está no grupo dos “sem tocha”. “Achei um pouco
cara…”, fala a atleta, que rendeu ao Brasil uma medalha de bronze nas
Olimpíadas de Londres, sobre o objeto feito de alumínio reciclado. Ela relata
que, após o revezamento, tomada pela emoção, deu vontade de tê-la, mas já não
podia devido ao prazo delimitado. O ex-nadador e agora técnico João Reinaldo, o
Nikita, também voltou para casa sem o suvenir. “É uma falta de consideração!
Nós somos convocados, passamos por seleção e, de certa forma, trabalhamos para
ele [o Comitê Olímpico]”, conta com indignação. Sobre a seleção a que Nikita se
refere, explicamos: ele, Yane e Marcelo Falcão, entre outros nomes, foram
indicados pela Secretaria de Esportes do Recife e submetidos à aprovação do
Comitê Olímpico do Brasil.
O ex-atleta, que
competiu nas Olimpíadas da Cidade do México, em 1968, também questiona para
onde vão as tochas não adquiridas: “Elas foram produzidas. O que vão fazer
depois? Claro que deviam doar!” Procurada, a assessoria de imprensa dos Jogos
Olímpicos Rio 2016 informa que ainda não decidiu qual será o destino delas. “O
Comitê Rio 2016 ainda está definindo os detalhes, mas avaliamos a possibilidade
de abrir a venda para outros grupos, que não apenas condutores. Ratificamos que
a venda serve para subsidiar a fabricação das tochas”, diz nota enviada pela
assessoria de Imprensa. Anúncios no Mercado Livre, no entanto, já põem supostas
tochas Rio 2016 à venda por valores salgadíssimos, entre R$ 2,3 mil e R$ 500
mil.
MAIS DO QUE PRIVILÉGIO: Nem todos os condutores que participaram do revezamento e
levaram a tocha para casa tiveram de pagar por ela. Há quem teve a sorte de
recebê-la sem custo, como uma espécie de mimo, bancada por algum patrocinador. A blogueira Camila Coutinho (FOTO ACIMA),
que puxou um time de ‘digital influencers’ pelas ruas do Recife, a convite da
Coca-Cola, foi uma das pessoas que levaram a tocha para casa sem desembolsar. (Publicado
por Romero Rafael em Esportes / Blogs NE10.uol.com.br)
A tocha vale isso tudo ???
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