quinta-feira, 2 de junho de 2016

O preço da tocha olímpica

Levar a tocha olímpica para casa tem um custo financeiro à pessoa que por ela correu de braço erguido. Essa cobrança, feita pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos aos escolhidos para a tarefa, gera discussão nos bastidores do revezamento do símbolo máximo das Olimpíadas. Funciona assim: o Comitê envia por e-mail, sob o assunto “Título de cobrança”, um boleto bancário para ser pago num prazo inferior a um mês. O valor? R$ 1.985,90. O ex-nadador Marcelo Falcão, que trabalhou como árbitro de natação nas Olimpíadas de Pequim e repetirá a função nos Jogos Rio 2016, pagou com dinheiro emprestado. “O ideal é que as pessoas convidadas não tivessem despesa, mas comprei pela simbologia; pra mim é uma relíquia”, justifica.

A pentatleta pernambucana Yane Marques (FOTO ACIMA), está no grupo dos “sem tocha”. “Achei um pouco cara…”, fala a atleta, que rendeu ao Brasil uma medalha de bronze nas Olimpíadas de Londres, sobre o objeto feito de alumínio reciclado. Ela relata que, após o revezamento, tomada pela emoção, deu vontade de tê-la, mas já não podia devido ao prazo delimitado. O ex-nadador e agora técnico João Reinaldo, o Nikita, também voltou para casa sem o suvenir. “É uma falta de consideração! Nós somos convocados, passamos por seleção e, de certa forma, trabalhamos para ele [o Comitê Olímpico]”, conta com indignação. Sobre a seleção a que Nikita se refere, explicamos: ele, Yane e Marcelo Falcão, entre outros nomes, foram indicados pela Secretaria de Esportes do Recife e submetidos à aprovação do Comitê Olímpico do Brasil.
O ex-atleta, que competiu nas Olimpíadas da Cidade do México, em 1968, também questiona para onde vão as tochas não adquiridas: “Elas foram produzidas. O que vão fazer depois? Claro que deviam doar!” Procurada, a assessoria de imprensa dos Jogos Olímpicos Rio 2016 informa que ainda não decidiu qual será o destino delas. “O Comitê Rio 2016 ainda está definindo os detalhes, mas avaliamos a possibilidade de abrir a venda para outros grupos, que não apenas condutores. Ratificamos que a venda serve para subsidiar a fabricação das tochas”, diz nota enviada pela assessoria de Imprensa. Anúncios no Mercado Livre, no entanto, já põem supostas tochas Rio 2016 à venda por valores salgadíssimos, entre R$ 2,3 mil e R$ 500 mil.
MAIS DO QUE PRIVILÉGIO: Nem todos os condutores que participaram do revezamento e levaram a tocha para casa tiveram de pagar por ela. Há quem teve a sorte de recebê-la sem custo, como uma espécie de mimo, bancada por algum patrocinador. A blogueira Camila Coutinho (FOTO ACIMA), que puxou um time de ‘digital influencers’ pelas ruas do Recife, a convite da Coca-Cola, foi uma das pessoas que levaram a tocha para casa sem desembolsar. (Publicado por Romero Rafael em Esportes / Blogs NE10.uol.com.br)

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