domingo, 23 de novembro de 2014

FERNANDINHO É MONARQUISTA!

*Dr. Paulo Lima

É a mais pura verdade! Mesmo que isto cause espanto em vocês, minha meia dúzia de fiéis e pacientes leitores conheço alguém – o Fernandinho – que é um autêntico (não sei bem se ele é mesmo autêntico) monarquista.
Conheço desde criança. Estudava e agora está terminando o ensino básico num Colégio de Freiras de Olinda; era uma criança engraçadinha, esperta e simpática, com aquele sinal no rosto, que lembra um coração, o que fazia com que ele se diferenciasse das demais crianças. A sua mãe, uma carola juramentada, como diria o Prefeito Odorico Paraguaçu, criou Fernandinho preso às barras de suas longas saias, como se diz no popular e isto findou por causar uma ruptura definitiva no seu casamento. O seu marido, músico dos bons, dizem, queria por que queria participar da criação de Fernandinho, já que não teve oportunidade de fazê-lo na criação e educação dos seus dois filhos mais velhos, um casal, para ser mais exato, fruto do seu primeiro enlace matrimonial – eita gota serena, enlace matrimonial é danado – e vivia a se “penitenciar” por isto, muito embora não fosse religioso como sua mulher. Mas não adiantou, pois ela não abria mão de criar e educar Fernandinho ao seu modo, tanto que findaram por se separar, não somente por causa disso, mas, também por absoluta incompatibilidade de gênios.
Pois bem, desde criancinha a mãe de Fernandinho queria que ele seguisse a carreira religiosa (e religião tem carreira, minha gente?), tanto que aos dez anos Fernandinho já era Ministro da Eucaristia, vejam vocês! Estava claro, que, para chegar ao sacerdócio faltava pouco. Mas eis que a paixão arrebatou esta suposta vocação – e olhe que ele só tinha dezesseis anos – o que fez com que ele não mais quisesse ser padre. No entanto, a sua musa arrebatadora não correspondeu aos seus sentimentos, pois a garota, muito linda, por sinal, era uma radical de esquerda e só de ouvir falar o nome de Fernandinho começava a se coçar, como se estivesse com urticária. Também pudera; como imaginar que uma esquerdista de carteirinha, que votou na Dilma no segundo turno das eleições, só porque não tinha outra alternativa bem mais à esquerda, pudesse se engraçar por um monarquista?
Talvez tenha sido por isso mesmo que Fernandinho, agora um grandalhão desengonçado e antipático, cismou de votar em Aécio e, de quebra, arranjou para namorar uma “carolinha”, não tão linda quanto à sua ex-musa, é claro, também sua colega de turma, que de tão religiosa costuma carregar a Bíblia Sagrada debaixo de um braço e os livros escolares no outro. É claro que ela também votou no Aécio e é claro que o casal quase morre de desgosto por causa da derrota do “tucano".
Mas, quem não conhece o Fernandinho, lendo estas mal traçadas linhas talvez pense que ele faz parte das “zelite” desse nosso País (como diz Lula), pois, somente sendo elite, ou coisa semelhante, para querer a volta dos príncipes de Orleans e Bragança.  Que nada. Fernandinho mora num bairro pobre de Olinda e para estudar no tal colégio precisou ganhar uma bolsa de estudos, o que faz com que essa sua predileção se torne ainda mais incompreensível. Afinal, quem ou o que tocou Fernandinho, para querer ser monarquista? Esta resposta, só quem pode dar é ele...
Mas Fernandinho não perdeu as esperanças.  Há pouco realizou o exame do ENEM e pretende estudar música, para desgosto de sua mãe, e continua a acreditar que, mais dia menos dias os políticos vão propor um plebiscito para que o povo possa escolher uma nova forma de regime político para o nosso País e, certamente, pensa ele, a monarquia vai vencer. Ele que fique esperando... Bom, aqui prá nós, acho que num ponto o Fernandinho tem razão. É mais fácil a monarquia, do que o povo eleger um tucano para Presidente do nosso País. Vôte!
Um abraço a todos.


*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal. 

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