*Dr. Paulo Lima
Confesso a
vocês, que fazem parte desta minha meia dúzia de fiéis e pacientes leitores,
que não sabia o significado deste termo, "emoticons", tão usado e
abusado nesses tempos modernos, aonde, cada vez mais as palavras vêm sendo
substituídas pelos símbolos. Sei que tudo começou com eles, os símbolos e
desenhos, quando o homem primitivo, que ainda não dominava a linguagem e a
escrita como hoje a conhecemos, rabiscava nas paredes das cavernas figuras e
símbolos para deixar registrada a sua história e, às vezes fico a perguntar aos
meus botões, se não estamos voltando aquele tempo...
É que,
ultimamente, a maioria das pessoas está substituindo a escrita pelos símbolos
e, você, que costuma dar uma olhadinha no Facebook, dia sim, outro também, não
vai me deixar mentir! É certo que escrever corretamente não é tarefa fácil,
mormente em razão dessas modificações que os gramáticos e doutores da língua portuguesa
teimam em introduzir, de tempos em tempos, a pretexto de facilitar a nossa
comunicação, o que finda por bagunçar ainda mais o nosso vernáculo. A
propósito, hoje estou falando difícil que só a gota serena!
Eu até que
acho esses bichinhos bonitos (refiro-me
aos "emoticons"), mas, convenhamos, substituir umas poucas
palavras, num bate papo ou numa postagem nas redes sociais por essas
figurinhas, já está se tornando um exagero! Aliás, pesquisando no Dr. Google,
que nos socorre nas horas em que mais precisamos, ele me informou que essas
figurinhas derivam da cultura do Japão e foram criadas para traduzir um
momento, um sentimento, ou uma situação em que a gente se encontra.
Sei - e vocês
hão de concordar - que um gesto às vezes fala mais que mil
palavras; no entanto, o mesmo não posso dizer de uma imagem, uma figurinha, a
não ser que ela seja tão clarividente que dispense interpretações. O fato é
que, como não sou bom nesse negócio de conversar por figurinhas, ainda prefiro à
escrita, mesmo que corra o risco de, não raras vezes, escorregar na gramática, como
ocorre com um sujeito, nosso conhecido, aí de nossa terrinha. Cala-te boca... E
tem, também, outra questão, que reside justamente no meu analfabetismo funcional,
no que diz respeito a essas modernidades propagadas nas redes, tão em voga em
nossos dias, já que ainda não aprendi, sequer, a escorregar o dedo nesses
aparelhos modernos que "fazem de um
tudo", no dizer da minha amiga Eunice e até ela, uma matuta vinda lá
das bandas de Arcoverde, possui esse tal de smartphone. No meu caso, ainda
possuo um daqueles aparelhos velhos e ultrapassados, que tem o chamado teclado
alfanumérico, pois se não fosse assim não conseguiria dar, sequer um alô. Mas
já prometi a mim mesmo, que, ano que vem compro um bicho desses e vou aprender
a mexer com ele, mesmo que seja na marra!
O fato é que
estamos perdendo muito, em termos de comunicação linguística, com essas
modernidades e já não tenho mais certeza se alguém ainda escreve uma boa carta
para um amigo ou amiga que se encontra do outro lado deste imenso Brasil e a
envia pelos Correios. O fato é que, se a nossa gloriosa agência postal
dependesse da remessas de cartas, há muito já teria cerrado suas portas.
Agora me
lembrei de um filme - "Central do Brasil" - de
1998, estrelado pela extraordinária Fernanda Montenegro, que faz o papel de
Dora, uma senhora que ganhava a vida escrevendo cartas, na estação de trem de
São Paulo, para os emigrantes nordestinos, analfabetos, e não as enviava pelos
Correios, ficando com o dinheiro. O seu procedimento, moralmente reprovável
começa a mudar e ela busca uma segunda chance, quando conhece um menino, filho
de nordestinos e ajuda-o a voltar à sua terra, para encontrar suas raízes.
Creio que hoje em dia ela morreria na indigência, já que o analfabetismo foi
drasticamente reduzido em nosso Brasil varonil, graças à atuação do Governo
Federal, nesses últimos anos, proporcionando oportunidades para que os nossos
jovens carentes cursem, inclusive, uma faculdade, o que não ocorria na época em
que o filme foi rodado, mesmo porque, depois dos "emoticons", a
escrita através de cartas praticamente desapareceu, o que é uma pena...
Finalizo,
dedicando estas mal traçadas linhas a vocês, que fazem parte desta minha meia
dúzia de fiéis e pacientes leitores e que ainda gostam de ler um texto
qualquer, mesmo que seja rabiscado em mal traçadas linhas...
Abraços a
todos.
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