sábado, 12 de dezembro de 2015

REMÉDIO COM CONTRA INDICAÇÕES

*Dr. Paulo Lima

Nestes tempos em que o mosquito aedes aegypti está aterrorizando a nossa população, transmitindo, até o momento - posto que a gente nem pode imaginar o que ainda pode vir a ocorrer - três vírus, dentre os quais o temível vírus zica, associado ao aumento considerável da microcefalia em bebês, o que mais se vê são as farmácias lotadas e o povo lendo bula de remédios até no banheiro, tentando ao menos amenizar os sintomas dessas doenças. É certo, que, há tempos não muito distantes, ler uma bula de um medicamento qualquer era uma tarefa impossível para uma pessoa leiga, dada a dificuldade nela contida, a começar pelas letras minúsculas, aliadas a um extenso texto que mais se assemelhava a um parecer desses juristas, contratados a peso de ouro para defender algum político enrolado numa maracutaia qualquer, coisa que está se tornando rotina em nosso País.
Mas nem sei por que comecei a falar nessa estória de mosquitos e de doenças (deve ser porque sou meio hipocondríaco, reconheço) já que o assunto aqui é outro, apesar do sugestivo título posto nestas mal traçadas linhas. Na verdade, diante do autêntico vendaval que tomou conta do cenário político de nosso País, nestas últimas semanas, com prisões de empresários, banqueiros, deputados e até um Senador da República no exercício do seu mandato parlamentar, com alguns "renomados" personagens políticos querendo a todo o custo o impeachment da Presidente do Brasil, fato que tem refletido de forma extremamente negativa no bolso de nós outros, pobres coitados cidadãos pagadores de impostos, estava pensando numa fórmula milagrosa - vejam vocês - para se evitar essa outra praga, que tem proliferado tal qual erva daninha nesse roçado chamado política. Refiro-me ao político ladrão!
Certamente, algum de vocês, que me lê neste momento está perguntando aos seus botões, se existe tal fórmula e, respondo, talvez sim: a informação. É que não é minimamente aceitável, que, eleição após eleição, quando já transcorridos trinta longos anos do final da ditadura em nosso País, inaugurando-se uma nova abertura para a democracia, o eleitor continue votando em políticos ratazanas! Sei que um dos males que corrompem nossas instituições políticas é a compra de votos, mas, certamente a raiz de todo o mal está na informação, ou na falta dela.  Daí, penso que as redes sociais têm prestado um relevante serviço para que ocorra o esclarecimento da população, sobre quem de fato tem condições de honrar um mandato que lhe é conferido, ou quem apenas está querendo se dar bem, às custas do dinheiro do povo, já que nem mesmo a chamada lei da ficha limpa conseguiu limpar esse lixo (refiro-me aos políticos cabras safados) do seio do processo eleitoral. 
Mas creio, que, com a internet já temos meio caminho andado e agora só falta mesmo à aprovação de uma lei, que, tal qual bula de um remédio, faça constar, obrigatoriamente, através de informações acessíveis ao eleitor, se aquele político pretendente a um mandato eletivo responde, ou não, a processos de corrupção e assemelhados, deixando ao eleitor a opção de provar, ou não, do remédio posto à sua disposição, com as respectivas contra indicações. Seria um avanço e tanto.

*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA  é  graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador  Federal, e atualmente exerce a advocacia. 

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