O Brasil, País continental rico e manifestações culturais e onde a
criatividade e a religiosidade de seu povo alimenta a fé, sendo um campo fértil
para o surgimento de histórias onde a existência de possíveis milagres caem na
boca do povo e perpetuam casos de curas milagrosas, histórias de mártires e uma
infinidade de situações que fortalecem a fé, especialmente daqueles integrantes
das camadas mais necessitadas.
Não distante deste contexto, Taquaritinga do Norte, a Dália da Serra
também tem a sua mártir, uma jovem a quem são atribuídos vários milagres que já
estão sendo estudados pela igreja católica e por uma comissão informal composta
pelo Padre José Edmilson Santos, Reitor do Seminário de Teologia de São Carlos,
em Campinas (SP) e membro do Tribunal Eclesiástico de São Paulo, Lucivaldo da
Costa Andrade, Gercino Pereira de Araújo e Marivalda Barboza dos Santos.
Em 2011, por ocasião da festa de Santo Amaro, os 4 amigos conversavam
na frente da igreja matriz de Santo Amaro quando o padre Edmilson perguntou se
eles tinham conhecimento da história de Morena, a jovem e mártir filha de Taquaritinga.
De imediato, Marivalda falou que tinha uma amiga na cidade de São Paulo chamada
de MARIA DE LOURDES CAVALCANTI, conhecida como LURDES CELEIRO, que havia
alcançado graças por intercessão de “Santa Morena”.
O historiador Gercino Pereira, relatou que na década de 50, o Vigário
de Taquaritinga do Norte, Padre Otto Sailler (1940-1945 e 1947-1960), falecido
em 19 de janeiro de 1980, conversava com o seu tio Osvaldo de Souza, e relatou
que houve uma época em Taquaritinga que aconteceu um fato de uma dimensão muito
triste, uma virgem foi martirizada! Falou em seguida que não podia se estender
sobre o assunto, pois alguns dos irmãos dela estavam vivos, eram violentos,
fato que, segundo o historiador, fez as pessoas ficarem em silêncio durante
anos, tendo esta história se propagado por filhos de Taquaritinga no distante
estado de São Paulo.
Em 1988, chegou em Taquaritinga monsenhor José Augusto Brasil,
Presidente em Segunda Instância do Tribunal Eclesiástico da Paróquia São Geraldo,
em Perdizes (SP) que tinha como objetivo pagar uma promessa por uma graça alcançada
por intercessão de Santa Morena, visitando o seu túmulo. Como era época de
carnaval, o monsenhor não conseguiu falar com ninguém que soubesse da história na
cidade natal da mártir que já estava sendo cultuada em São Paulo, aonde as
pessoas vinham conseguindo graças invocando o seu nome. Conheça um pouco da
história de sofrimentos e humilhações de Santa Morena, a jovem mártir nascida
em Taquaritinga que vem sendo cultuada e a quem estão sendo atribuídos várias graças
alcançadas.
HISTÓRICO: A família Henrique Pereira de Lucena, uma das mais
tradicionais de Taquaritinga no século passado, era composta de 11 filhos sendo
8 homens e 3 mulheres, conhecidas como Maria das Neves Lucena de Araújo
(MANINA), Maria do Carmo Lucena (Carma Lucena) e Maria das Neves Lucena
(MORENA), nascida em 28 de março de 1924. A família era formada por
agricultores e prósperos comerciantes, especialmente de café, onde desenvolviam
atividades em Campina Grande.
Morena e Carma cursaram o primário e também fizeram cursos de bordado
e culinária e alem de irmãs, eram muito amigas, ao ponto de se vestirem sempre
iguais e possuíam uma formação religiosa muito forte, participando ativamente
das atividades da igreja onde eram membros da Associação das Filhas de Maria
(Fita Azul).
No final de 1949, Maria da Neves adoeceu, sentindo fortes dores no estômago,
e tendo a sua barriga começado a crescer. Seus irmãos entraram em pânico, e
suspeitaram que fosse uma gravidez e que a honra da família Lucena teria que
ser vingada! Começou aí a história de sofrimento de Morena: seus irmãos se
reuniram e foram até ela perguntar quem tinha sido o homem que tirou sua virgindade,
embora ela sendo virgem e negando o fato, um dos irmãos apontou um revolver pra
sua cabeça ameaçando matá-la, caso ela continuasse em silêncio.
Os irmãos tentaram incriminar um cidadão que às vezes visitava a
família, mais Morena continuou negando, pois não havia praticado nenhum ato.
Revoltados, parte dos irmãos a confinaram no sítio, proibindo Morena
de vir à cidade, para que as pessoas não presenciassem a VERGONHA da família
Lucena. A jovem contava com o apoio espiritual do Padre Otto e de sua irmã
Carma, que nunca acreditaram no que os irmãos diziam, mais sim na virgindade e
pureza de Morena, sempre procurando resguardar a jovem das agressões de seus
irmãos.
Para aumentar o sofrimento de Morena, uma noite ela foi picada por uma
cobra e não foi socorrida, o que aumentou a sua angústia. Os irmãos resolveram
levá-la a Campina Grande (PB), na intenção de realizarem um aborto. No hospital,
o médico Dr. Adalberto César, após exame clínico, constatou que não havia
gravidez. Revoltados, os irmãos, sem querer acreditar no parecer médico,
chutaram o instrumento cirúrgico usado pelo clínico. Após o exame, voltaram
para a casa de um dos irmãos e a esposa de um deles vivia sempre humilhando a
pobre jovem, chegando inclusive a expulsá-la de sua casa, alegando que ela era
uma prostituta.
A família retornou a Taquaritinga e a barriga de morena continuou
crescendo, aumentando o seu sofrimento e os irmãos a levaram a Caruaru para
realizar o aborto com o médico Dr. Celso Cursino que fez a cirurgia e ao
terminar o procedimento declarou: NÃO HOUVE ABORTO! NÃO HAVIA CRIANÇA! O QUE
HAVIA ERA UM MIOMA: EU OPEREI UMA VIRGEM! Um dos irmãos presentes ajoelhou-se e
pediu perdão e a reação de Morena foi de compaixão por ele. Não suportando a
grande hemorragia pós-operatória, Morena veio a falecer em 20 de fevereiro de
1950, na cidade de Caruaru. No velório, os irmãos rodearam o caixão e todos a
beijaram na testa. Morena foi sepultada no jazigo da família, no cemitério de
Taquaritinga do Norte.
Seria esse o fim da história de Santa Morena? Se você tiver alguma
informação que possa resgatar esta história favor entre em contato com nossa
redação através do e-mail blogdoelisbertocosta@gmail.com,
pois fatos históricos como este devem ser resgatados e preservados.(Por Elisberto Costa)
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