*Dr. Paulo Lima
Inicio estas
mal traçadas linhas me penitenciando pelo trocadilho um tanto infame, colocado
no título acima. Na realidade, nós, coitados consumidores, vivemos
diuturnamente entrando pelo cano, literalmente.
Basta ver o péssimo serviço prestado pela nossa COMPESA, uma das
pouquíssimas concessionárias de serviço público que ainda não foi entregue
totalmente à iniciativa privada e, segundo alguns “entendidos”, por isso mesmo
presta um péssimo serviço à população. Aqui mesmo em Olinda, cidade onde pernoito,
raro é o dia em que chega água nas torneiras, mas é tão salgada que corta até
sabão, como se diz aí na nossa terrinha. Cá estou eu a utilizar termos do meu
tempo, mas certamente vários de vocês conhece o mesmo, posto que ainda se use o
sabão em pedra para lavar roupa. No
entanto, cabe observar que parte dela, refiro-me à COMPESA - o serviço de
esgoto do Grande Recife e da cidade de Goiana, na mata sul - já foi entregue
aos operantes empresários de uma tal de Foz, este é o nome da empresa que
ganhou o contrato bilionário (mais uma famigerada PPP do finado) a qual, se
você cascavilhar vai encontrar uma “Queiroz Galvão” por trás. Mas não queria me
referir ao serviço da COMPESA, nem tampouco falar no defunto, pois isso dá
azar. Voltemos ao tema principal, que é justamente outro péssimo serviço,
prestado pelas operadoras de telefonia celular, cujo título não tem nada a ver,
já que de fio não se trata. Mas que,
literalmente e diuturnamente a gente entra pelo cano, entra sim!
Vejam vocês,
minha meia dúzia de fiéis leitores, que ontem mesmo, ao ligar para um telefone
fixo, aqui de Olinda, ao invés do convencional alô, do outro lado da linha,
recebi mais uma daquelas mensagens eletrônicas que já nos acostumamos a ouvir
quando a ligação não é completada. Dizia a voz eletrônica que a ligação não
poderia ser efetuada, e que tentasse alguns minutos depois, o que fiz por
várias vezes até desistir. Achei melhor ir de carro saber se o meu computador
já havia sido consertado. Pois é, nesses tempos modernos a gente não pode mais
viver sem um computador e muito menos sem um telefone celular. O danado é que
na sexta feira santa deixei o meu “lap top” aberto e um dos bichanos
da minha mulher fez um belo xixi no aparelho e desde então estou utilizando o
dela. Mas ela já me prometeu, que, se o meu computador não tiver mais conserto,
graças aos gatos, eu ganharei um novo de presente. A verdade confesso, é que,
como não gosto de gatos, e a recíproca é verdadeira, um deles resolveu me fazer
esta afronta, vejam vocês. Hoje estou tergiversando que só e deste modo não vou
acabar nunca este meu artigo.
Ainda lembro
quando os aparelhos de telefonia móvel começaram a ser comercializados pela
antiga TELPE – que era a empresa de telefonia do nosso Estado. Naquele tempo
somente alguns poucos privilegiados tinham direito de adquirir o aparelho e,
sendo um deles, depois de passar um dia inteirinho numa fila finamente consegui
comprar o meu. Era um “Motorola” do tamanho de um tijolo manual, desses ainda
utilizados aí na nossa terrinha, que pesava mais ou menos um quilo (é exagero,
claro) o qual passava a maior parte do tempo pendurado e pesando na nossa
cintura, mais parecendo um revólver, daqueles utilizados pelos “mocinhos” dos
filmes de faroeste antigo. Mas, garanto a vocês que o bicho funcionava. Hoje
não.
Nos dias
atuais, depois que o tucano FHC (outro bicho que não gosto é o tal do tucano)
privatizou as empresas mais importantes do nosso País, em nome da modernidade,
o que vemos são aparelhos maravilhosos, nas mãos dos internautas, que fazem “de
um tudo”, como diz uma amiga. Hoje em dia, acredito que poucas pessoas, como eu,
por exemplo, usam aparelhos celulares convencionais. É que morro e não me
acostumo com esses equipamentos milagrosos, os quais, para você utilizá-los
basta deslizar o dedo pela superfície dos mesmos e eles já começam a funcionar.
São os chamados “iphones”, “smartphones”, essas coisas, cujos nomes nem sei
escrever direito... O meu não. É que só uso o meu aparelho celular para
realizar e receber chamadas. Usava. O problema é que nem isto mais temos o
direito de fazer, já que não servem mais, graças à inoperância das chamadas
“teles”. Coisas dos tempos modernos, ou melhor, coisas dos “tucanos”. Confesso
a vocês que gosto muito mais de gatos. Cala-te boca...
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em
Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de
Direito do Recife, advogado, e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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