*Dr. Paulo Lima
Eu morro e não
me conformo com essa mania do brasileiro de querer imitar em tudo os
americanos, como se fôssemos macacos de circo! Vôte! Como diria “seu Quincas”,
o nosso conterrâneo, um sujeito gente fina, aqui da nossa terrinha que, embora
não seja um letrado entende mais de política do que algumas “raposas”, nossas
conhecidas. E por falar nele, no nosso último encontro me garantiu que “a
jiripoca vai piar”, agora em 2016. E, como eu costumo dizer: estamos juntos
e misturados! Mas, voltemos ao tema, que não tem nada a ver com política ou com
eleições.
Pois bem, nos
últimos tempos, o número de automóveis em nosso País cresceu tanto, que, não se
admirem vocês se muito em breve a gente desbancar os “States” nesse título, que
para mim não traz nenhuma grandeza, muito ao contrário. A propósito, esta
semana, li uma reportagem no Diário de Pernambuco, manchete de primeira página,
onde informa que o Recife é a cidade, entre as piores do mundo - atentem
bem - a primeira entre as piores do mundo, onde
o sujeito gasta mais tempo no percurso entre o trabalho e a volta para casa. Aqui
no Brasil é a sexta cidade com o pior trânsito! Sinceramente, isto não é motivo
nenhum para que sintamos orgulho...
Dia desses,
conversando com o meu amigo Manuel Aires, um dos últimos remanescentes
comunistas autênticos que conheço, também gente de primeira linha, (Roberto Freire que não me leia, com
perdão do palavrão), ficamos a relembrar de nossa infância, em nossas
cidades interioranas. O meu amigo Manuel Aires é um paraibano do Cariri e
falávamos que os automóveis, naquela época, eram tão poucos, que dava para
serem contados nos dedos. Tempos bons aqueles. Lembrei que em nossa cidade
havia um cambista (para quem não sabe,
cambista era o sujeito que passava jogo do bicho), cujo nome de batismo
era, segundo o meu amigo Renato Almeida - o meu consultor informal para assuntos
institucionais de Vertentes - Valdemar
Siqueira de Miranda, mas que era conhecido por todos como o popular “Chola”,
que sabia de cor e salteado os números das placas dos carros de nossa cidade,
Vertentes, e quando alguém queria jogar a placa de algum automóvel no milhar
era só recorrer a “Chola” e o jogo estava feito. Duvido que hoje ele
conseguisse realizar esta façanha!
Hoje a
quantidade de carros é tão grande que até na Avenida principal de nossa cidade,
a Avenida Dr. Emídio Cavalcanti, outro grande médico vertentense, aliás, também
um comunista histórico, segundo soube há tempos atrás, tem locais onde o
estacionamento é proibido, para evitar engarrafamentos, vejam vocês!
Ainda bem que,
em Vertentes, a gente ainda pode se deslocar a pé, pelas ruas e vielas, sem
necessidade de usar um carro para tanto, pois espero em muito breve, assim que “pendurar as chuteiras”, poder caminhar
com certa tranqüilidade pelas ruas da cidade onde nasci. Mas, continuando, só
mesmo o brasileiro para gostar tanto de imitar americano. Talvez isto decorra
do nosso “complexo de vira latas”, no
dizer do dramaturgo Nelson Rodrigues, porque ainda costumo ver, já não com
tanta freqüência, o sorriso estampado nos lábios de um sujeito qualquer,
quando, ao estacionar o seu trambolho, ou melhor, o seu automóvel, numa rua
qualquer do Recife, é chamado de “doutor” pelo flanelinha. Coisas de
brasileiro, diriam vocês...
Um abraço a
todos.
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em
Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de
Direito do Recife, advogado, e atualmente exerce o cargo de Procurador
Federal.
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