sábado, 16 de janeiro de 2016

TIJOLOS DE UMA MORADA

*Dr. Paulo Lima

Esses dias tenho pensado mais que costumeiramente soe acontecer, sobre alguns aspectos da vida, não sei bem por que.  E certamente não é porque um ano terminou e outro está começando que estes pensamentos têm chegado à minha mente, com certa frequência, pois, para mim, este fato não causa grandes alterações emocionais. Ao meu sentir, é mais uma folhinha que viramos no calendário da vida. Acredito que sãos os anos já vividos que começam a pesar sobre os meus ombros, já que, faz algum tempo, ultrapassei os degraus da subida e começo a descer a passos lentos, felizmente, rumo ao ocaso. Assim é a vida: um caminhar constante e inarredável em direção a um destino inexorável, que, sabemos nos espera adiante, mas que, inconscientemente, torcemos para que o final desta viagem seja o mais demorado possível.
Às vezes penso que a vida é como uma morada. A gente nasce, cresce e quando nos entendemos por gente, como se diz no popular, começa a crescer dentro de nós um sentimento, um desejo de procurar alguém para compartilhar nossos sonhos, ilusões e desilusões. Quando esse alguém surge em nosso caminho, traçamos planos e, como primeira meta, escolhemos essa pessoa como companheira ou companheiro para seguirmos juntos essa vereda.  Depois, surgem outros sonhos, como por exemplo, conseguir um bom emprego para garantir o sustento, ter filhos e, claro, possuir uma casa, um teto para morar, sendo este, creio, o grande objetivo da maioria das pessoas.  Talvez seja porque até os passarinhos, quando acasalam, cuidam logo em providenciar um ninho, onde nascerão os seus filhotes, construindo-o graveto por graveto, num emaranhado preciso e milimetricamente planejado, transformando-o num abrigo seguro. Porque com a gente seria diferente?
Hoje em dia, poucas são as pessoas que podem sentir a satisfação de construir uma casa, principalmente nas grandes cidades, já que não se costuma mais edificar moradias, porém, adquiri-las prontas, a exemplo dos apartamentos nos edifícios. A não ser que você mora nas pequenas cidades do interior, aí, sim, ainda se pode ter esta sensação, esta satisfação de construir uma morada, vendo subir tijolo a tijolo, tomando forma, até se transformar em um lar.
Eu gosto sempre de comparar a vida com uma morada. Pois é.  Uma casa para se tornar um abrigo seguro precisa primeiro, de um bom mestre de obras. Após isto, necessita ser construída tijolo a tijolo, tijolos estes, que têm que ser feitos de um bom barro, bem cozidos. A casa deve ser bem alicerçada, suas paredes levantadas com maestria, unidas por uma liga de cimento e areia, forte o suficiente para durar por prazo indefinido, o mais longo possível.
Nossa vida, também, é uma casa em constante construção e os tijolos são os nossos sonhos, mas, também e principalmente as nossas ações. Portanto, se não escolhermos bons tijolos e não fizermos uma liga forte o suficiente que garanta firmeza das paredes, essa casa fatalmente virá a desmoronar de forma inesperada, o que causará prejuízos imensuráveis à nossa alma, deixando-a ao desamparo. Sejamos, pois, bons mestres de obras, sempre.

*DR.PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal, e atualmente exerce a advocacia.

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