*Dr. Paulo Lima
Eu sempre faço questão de lembrar,
nos meus escritos, que nós, seres humanos, somos a mais fantástica máquina
criada por Deus e, por isto mesmo, como “máquinas”, temos o nosso prazo de
validade. Mais dia menos dia “o motor bate a biela”, como se dizia popularmente
em nossa região, há tempos pretéritos, quando algum conhecido morria. Isto para
fazer referência aos motores dos automóveis que começavam com aquele barulhinho
estranho e acabavam por fundir. A tecnologia automotiva dos dias atuais fez com
que esse termo ficasse em desuso. A medicina também, já que poucos são os que
morrem de um infarto fulminante, pois, não raras vezes, a pessoa é submetida a
vários procedimentos e tem a sua vida prolongada.
Vamos falar de política que é o
que interessa no momento.
Os poucos de vocês que me leem,
certamente não devem lembrar do Coronel “Chico” Heráclio, figura lendária conhecida como “o Leão das Varjadas”, que
comandou com mão de ferro a política em Limoeiro, aqui no agreste, durante
décadas, tendo falecido em 1974, com oitenta e nove anos de idade, portanto há
quase quarenta anos. Na
década de 1920 o mundo enfrentava uma grave crise financeira. Para Chico, que
ainda não era coronel, entretanto, não houve crise, posto que adquiriu por 90
contos de réis a patente de Coronel da Guarda Nacional. (Para quem não
sabe, naqueles idos era possível comprar patentes militares). Homem de
personalidade marcante, com um admirável tino comercial, fez fortuna, também e
principalmente, ajudado pela política. Para muitos foi o último representante
do “coronelismo” político em nosso Estado, já que toda vez que se quer impingir
este termo a alguém a figura do Coronel Chico Heráclio nos vem à lembrança.
Todos sabemos, no entanto, o
significado desta palavra, usada pejorativamente, pois consiste na pretensão de
alguns em querer se perpetuar no poder, quando não por si mesmos, em razão de
vedações da Lei Eleitoral, através de seus prepostos, usando para isto
subterfúgios os mais diversos, colocando “laranjas” em seu lugar, como se
fossem donos de verdadeiros currais eleitorais.
Ainda persistem alguns desses
personagens fazendo história, não tanto republicana, em nossa política. Mas a
tendência é o seu completo desaparecimento, já que ninguém pode pretender ser
dono do poder pela eternidade afora.
Como diz o velho ditado popular: “o povo bota, o povo tira!” Nada é tão verdadeiro.
Conheço vários exemplares, alguns
aqui pertinho de nós, aos quais o radialista ALBERES XAVIER resolveu dar a denominação
de “remédios vencidos”. Esse Alberes Xavier é a “gota serena”! Tem uma
perspicácia como poucos, mas tem total razão.
Ora, minha gente, não é razoável
que se queira impor a sua vontade “por cima de paus e pedras”, como se fosse o
dono dos destinos do povo. O poder, como a vida, são efêmeros e, como eu sempre
costumo dizer, a democracia somente se fortalece pela alternância do poder, já
que a época dos coronéis há muito passou.
Não é por outra razão que JOSÉ
SARNEY, o “Coronel do Maranhão” está saindo da cena política, sendo
acompanhado, aqui no Estado, pelo Deputado Federal INOCÊNCIO OLIVEIRA e, penso
eu, que ao final desta eleição, outro que pretende ser “coronel” sem que tenha,
sequer, comprado a patente, vai sair de cena, justamente por ter tido a
petulância de subestimar a vontade do povo. Esperemos para ver.
Um abraço a todos.
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela
Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife
e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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