No ano em que a
maioria dos deputados estaduais disputa a reeleição, a destinação de emendas
parlamentares para bancar shows em várias regiões do Pernambuco ocupou 35% do
orçamento do Estado reservado para as indicações feitas pelos legisladores. De
janeiro a julho, 427 emendas foram repassadas para apresentações de bandas de
brega, forró, axé, samba, pagode e sertanejo. Foram R$ 19,3 milhões de verba
pública para este tipo de gasto. O dinheiro é retirado das emendas
disponibilizadas pelo poder Executivo aos 49 deputados.
Cada parlamentar pode
indicar gastos de até R$ 1,3 milhão por ano, o que representa R$ 63,7 milhões
do orçamento estadual. A verba poderia ser usada para reformas de escolas,
postos de saúde ou até calçamentos de ruas. No entanto, o uso do dinheiro para
bancar shows nas bases eleitorais dos deputados está cada vez mais constante,
principalmente em período de festas tradicionais, como São João e Carnaval. O
JC fez um levantamento com base no Diário Oficial do Executivo e constatou que
somente do mês de julho (até o dia 16) foram 102 emendas destinadas para
pagamentos de festas durante o período junino.
O campeão de emendas
voltadas para shows foi o deputado Isaltino Nascimento, do PSB. Ele destinou
todo recurso a que tem direito, R$ 1,3 milhão, para o pagamento de bandas como
Chiclete com Banana - que se apresentou no dia 22 de junho em São José do Egito
- e Calypso, que realizou shows durante o desfile do Galo da Madrugada e em
Belém de São Francisco no Carnaval ao custo de R$ 250 mil. Somente essas duas
atrações demandaram R$ 420 mil do erário público. O sertanejo Luan Santana se
apresentou em Itaquitinga no dia 26 de junho e seu show custou R$ 200 mil aos
cofres estaduais. A indicação também foi feita por Isaltino.
Mas não foi apenas o
socialista quem deu prioridade aos festejos tradicionais. Com base no Agreste
do Estado, o deputado Henrique Queiroz (PR) separou R$ 1,1 milhão das suas
emendas para o pagamento de shows, todos realizados onde já possui votação
expressiva, como Vitória de Santo Antão, Chã Grande, Brejo da Madre de Deus e
Camutanga. Ele foi o recordista em número de apresentações. Foram 43
programações custeadas com o dinheiro do Estado, mas que estava na cota do
parlamentar.
Os festejos de
padroeiros dos municípios também entram na lista. O parlamentar normalmente
envia o recurso para locais onde possuem votação. Serra Talhada, por exemplo,
recebeu emendas de Sebastião Oliveira (PR) e Augusto César (PTB), dois
representantes da região.
Os cachês que foram
pagos este ano variam de R$ 5 mil a R$ 220 mil. A apresentação mais cara ficou
por conta da dupla Bruno e Marrone, que se apresentou no município de
Cachoeirinha, no Agreste, no dia 29 de junho, data em que é comemorada o dia de
São Pedro. A indicação foi feita pelo deputado estadual Sílvio Costa Filho
(PTB).
No total, 488 shows
foram financiados por 39 dos 49 deputados estaduais. Isso porque o legislador
pode solicitar mais de uma apresentação por emenda. Parlamentares evangélicos,
a exemplo do Pastor Cleiton Collins (PP) e Bispo Ossésio (PRB), também
utilizaram a verba para pagamento de cachês. O primeiro priorizou artistas
evangélicos. Já Ossésio, que é suplente e já não exerce mais mandato na
Assembleia, reservou sua cota para financiar Patusco, André Rio e Almir Rouche
no Carnaval de Paulista. Juntos, os shows custaram R$ 116 mil ao erário
público. Vale destacar que a maior parte das emendas são destinadas a artistas
que têm grande aprovação popular. Apenas Teresa Leitão (PT) e Daniel Coelho
(PSDB) enviaram para agremiações carnavalescas locais. (Por Jumariana Oliveira
/ Jornal do Commercio)
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