sexta-feira, 10 de abril de 2015

ENTRANDO PELO FIO

*Dr. Paulo Lima

Inicio estas mal traçadas linhas me penitenciando pelo trocadilho um tanto infame, colocado no título acima. Na realidade, nós, coitados consumidores, vivemos diuturnamente entrando pelo cano, literalmente.  Basta ver o péssimo serviço prestado pela nossa COMPESA, uma das pouquíssimas concessionárias de serviço público que ainda não foi entregue totalmente à iniciativa privada e, segundo alguns “entendidos”, por isso mesmo presta um péssimo serviço à população. Aqui mesmo em Olinda, cidade onde pernoito, raro é o dia em que chega água nas torneiras, mas é tão salgada que corta até sabão, como se diz aí na nossa terrinha. Cá estou eu a utilizar termos do meu tempo, mas certamente vários de vocês conhece o mesmo, posto que ainda se use o sabão em pedra para lavar roupa.  No entanto, cabe observar que parte dela, refiro-me à COMPESA - o serviço de esgoto do Grande Recife e da cidade de Goiana, na mata sul - já foi entregue aos operantes empresários de uma tal de Foz, este é o nome da empresa que ganhou o contrato bilionário (mais uma famigerada PPP do finado) a qual, se você cascavilhar vai encontrar uma “Queiroz Galvão” por trás. Mas não queria me referir ao serviço da COMPESA, nem tampouco falar no defunto, pois isso dá azar. Voltemos ao tema principal, que é justamente outro péssimo serviço, prestado pelas operadoras de telefonia celular, cujo título não tem nada a ver, já que de fio não se trata.  Mas que, literalmente e diuturnamente a gente entra pelo cano, entra sim!
Vejam vocês, minha meia dúzia de fiéis leitores, que ontem mesmo, ao ligar para um telefone fixo, aqui de Olinda, ao invés do convencional alô, do outro lado da linha, recebi mais uma daquelas mensagens eletrônicas que já nos acostumamos a ouvir quando a ligação não é completada. Dizia a voz eletrônica que a ligação não poderia ser efetuada, e que tentasse alguns minutos depois, o que fiz por várias vezes até desistir. Achei melhor ir de carro saber se o meu computador já havia sido consertado. Pois é, nesses tempos modernos a gente não pode mais viver sem um computador e muito menos sem um telefone celular. O danado é que na sexta feira santa deixei o meu “lap top” aberto e um dos bichanos da minha mulher fez um belo xixi no aparelho e desde então estou utilizando o dela. Mas ela já me prometeu, que, se o meu computador não tiver mais conserto, graças aos gatos, eu ganharei um novo de presente. A verdade confesso, é que, como não gosto de gatos, e a recíproca é verdadeira, um deles resolveu me fazer esta afronta, vejam vocês. Hoje estou tergiversando que só e deste modo não vou acabar nunca este meu artigo.
Ainda lembro quando os aparelhos de telefonia móvel começaram a ser comercializados pela antiga TELPE – que era a empresa de telefonia do nosso Estado. Naquele tempo somente alguns poucos privilegiados tinham direito de adquirir o aparelho e, sendo um deles, depois de passar um dia inteirinho numa fila finamente consegui comprar o meu. Era um “Motorola” do tamanho de um tijolo manual, desses ainda utilizados aí na nossa terrinha, que pesava mais ou menos um quilo (é exagero, claro) o qual passava a maior parte do tempo pendurado e pesando na nossa cintura, mais parecendo um revólver, daqueles utilizados pelos “mocinhos” dos filmes de faroeste antigo. Mas, garanto a vocês que o bicho funcionava. Hoje não. 
Nos dias atuais, depois que o tucano FHC (outro bicho que não gosto é o tal do tucano) privatizou as empresas mais importantes do nosso País, em nome da modernidade, o que vemos são aparelhos maravilhosos, nas mãos dos internautas, que fazem “de um tudo”, como diz uma amiga. Hoje em dia, acredito que poucas pessoas, como eu, por exemplo, usam aparelhos celulares convencionais. É que morro e não me acostumo com esses equipamentos milagrosos, os quais, para você utilizá-los basta deslizar o dedo pela superfície dos mesmos e eles já começam a funcionar. São os chamados “iphones”, “smartphones”, essas coisas, cujos nomes nem sei escrever direito... O meu não. É que só uso o meu aparelho celular para realizar e receber chamadas. Usava. O problema é que nem isto mais temos o direito de fazer, já que não servem mais, graças à inoperância das chamadas “teles”. Coisas dos tempos modernos, ou melhor, coisas dos “tucanos”. Confesso a vocês que gosto muito mais de gatos. Cala-te boca...


*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, advogado, e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal. 

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