SERRA TALHADA: No último dia 23 de abril, Serra Talhada recebeu 71 poetas, dos quais cerca de 50, eram
oriundos dos Estados de Pernambuco, Paraíba,
Ceará e Rio Grande do Norte. Na ocasião, foi homenageado um dos maiores
ícones do Repente, o poeta João Batista
Bernardo, mais conhecido carinhosamente por João Furiba, que aos 95 anos de idade é a maior lenda viva da
poesia nordestina popular.
João Furiba nasceu em Taquaritinga do Norte, e ainda
muito jovem mudou-se com a família para o estado da Paraíba. No entanto, onde o
poeta está presente o nome de Taquaritinga do Norte é mencionado, pois ele
sempre fez questão de revelar sua naturalidade.
Dentre os poetas que se
apresentaram, estava presente o também norte taquaritinguense Roberto Celestino, que se apresentou no
festival declamando suas poesias, que assim como as dos demais poetas, foram
publicadas em uma coletânea que leva o nome do Festival.
“Foi emocionante
conversar com Furiba, pois no momento em que revelei que era de Taquaritinga do
Norte, ele derramou-se em lágrimas”, declarou Roberto Celestino, encantado com
o encontro com o grande mestre.
Com voz baixa e muita
emoção, ele muito agradecia por estar alguém de sua terra natal prestigiando
aquele momento e mandou um abraço a todos os conterrâneos. “Foi um momento
ímpar está diante do homem que levou e leva o nome de nossa cidade Brasil
afora. Parabéns João Furiba! Homenagem mais que merecida!”, finalizou Celestino
que participou do festival glosando os motes abaixo:
Eu vivia sorrindo pela
vida
Tudo em volta me dava
alegria
Não pensava findar-se
tudo um dia
Mas findou-se com uma
despedida.
Foi no dia que vi
minha querida
Indo embora de modo
indiferente
O meu peito até hoje
ainda sente
Essa dor que os
sentidos arrebata.
A saudade não mata,
mas maltrata
Coração de quem ama e
vive ausente.
Com um pé de
marmeleiro
Com flor de mandacaru
Com rolinha e lambu
Na bebida do barreiro.
As galinhas no
terreiro
Misturadas com menino
Um cachorro bem
franzino
Pavão mostrando a
plumagem.
Fiz um quadro da
paisagem
Do meu sertão nordestino.
A notícia sem desvio
O esporte, a cultura
Tem uma fonte segura
É o Jornal Desafio.
Esse eu reverencio
Pela sua trajetória
Que denota a vitória
Entre tantos
veteranos.
Já são vinte e sete
anos
Desafiando a história.
Pode até se ouvir um
parecido
Mas igual é difícil de
ouvir
Quem com ele chegou a
competir
Levou pau de sair todo
doído.
Era Pinto um poeta
destemido
De resposta ligeira e
pontual
Era rei de qualquer um
festival
Só os bons o peitavam
frente a frente.
No reinado dos mestres
do repente
Pinto foi majestade sem igual.
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