*Dr.
Paulo Lima
É a mais pura
verdade! Mesmo que isto cause espanto em vocês, minha meia dúzia de fiéis e pacientes
leitores conheço alguém – o Fernandinho – que é um autêntico (não sei bem se ele é mesmo autêntico) monarquista.
Conheço desde criança. Estudava e agora está terminando o ensino
básico num Colégio de Freiras de Olinda; era uma criança engraçadinha, esperta
e simpática, com aquele sinal no rosto, que lembra um coração, o que fazia com
que ele se diferenciasse das demais crianças. A sua mãe, uma carola
juramentada, como diria o Prefeito Odorico Paraguaçu, criou Fernandinho preso às
barras de suas longas saias, como se diz no popular e isto findou por causar
uma ruptura definitiva no seu casamento. O seu marido, músico dos bons, dizem,
queria por que queria participar da criação de Fernandinho, já que não teve
oportunidade de fazê-lo na criação e educação dos seus dois filhos mais velhos,
um casal, para ser mais exato, fruto do seu primeiro enlace matrimonial – eita gota serena, enlace matrimonial é
danado – e vivia a se “penitenciar” por isto, muito embora não fosse
religioso como sua mulher. Mas não adiantou, pois ela não abria mão de criar e
educar Fernandinho ao seu modo, tanto que findaram por se separar, não somente
por causa disso, mas, também por absoluta incompatibilidade de gênios.
Pois bem, desde criancinha a mãe de Fernandinho queria que ele
seguisse a carreira religiosa (e religião
tem carreira, minha gente?), tanto que aos dez anos Fernandinho já era
Ministro da Eucaristia, vejam vocês! Estava claro, que, para chegar ao
sacerdócio faltava pouco. Mas eis que a paixão arrebatou esta suposta vocação – e olhe que ele só tinha dezesseis anos –
o que fez com que ele não mais quisesse ser padre. No entanto, a sua musa
arrebatadora não correspondeu aos seus sentimentos, pois a garota, muito linda,
por sinal, era uma radical de esquerda e só de ouvir falar o nome de
Fernandinho começava a se coçar, como se estivesse com urticária. Também
pudera; como imaginar que uma esquerdista de carteirinha, que votou na Dilma no
segundo turno das eleições, só porque não tinha outra alternativa bem mais à
esquerda, pudesse se engraçar por um monarquista?
Talvez tenha sido por isso mesmo que Fernandinho, agora um grandalhão
desengonçado e antipático, cismou de votar em Aécio e, de quebra, arranjou para
namorar uma “carolinha”, não tão linda quanto à sua ex-musa, é claro, também sua
colega de turma, que de tão religiosa costuma carregar a Bíblia Sagrada debaixo
de um braço e os livros escolares no outro. É claro que ela também votou no
Aécio e é claro que o casal quase morre de desgosto por causa da derrota do
“tucano".
Mas, quem não conhece o Fernandinho, lendo estas mal traçadas
linhas talvez pense que ele faz parte das “zelite” desse nosso País (como diz
Lula), pois, somente sendo elite, ou coisa semelhante, para querer a volta dos
príncipes de Orleans e Bragança. Que
nada. Fernandinho mora num bairro pobre de Olinda e para estudar no tal colégio
precisou ganhar uma bolsa de estudos, o que faz com que essa sua predileção se
torne ainda mais incompreensível. Afinal, quem ou o que tocou Fernandinho, para
querer ser monarquista? Esta resposta, só quem pode dar é ele...
Mas Fernandinho não perdeu as esperanças. Há pouco realizou o exame do ENEM e pretende
estudar música, para desgosto de sua mãe, e continua a acreditar que, mais dia
menos dias os políticos vão propor um plebiscito para que o povo possa escolher
uma nova forma de regime político para o nosso País e, certamente, pensa ele, a
monarquia vai vencer. Ele que fique esperando... Bom, aqui prá nós, acho que num
ponto o Fernandinho tem razão. É mais fácil a monarquia, do que o povo eleger
um tucano para Presidente do nosso País. Vôte!
Um abraço a todos.
*DR. PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade
Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, advogado e
atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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