MONTES CLAROS (MG): “Judiaram de mim”. Essas foram as únicas palavras que uma
idosa de 87 anos conseguiu dizer ao ser encontrada sentada e em estado de
choque na cama de sua casa em Aparecida do Mundo Novo, um pequeno distrito de
Montes Claros, no Norte de Minas. Ela havia sido estuprada durante a noite por Luciano Cardoso dos Reis, um rapaz de
18 anos, e teve uma hemorragia após perder a virgindade de forma violenta. O
crime aconteceu no dia 10 de outubro, mas o homem só foi preso na última
quarta-feira (26). O crime deve ser reconstituído pela Delegacia de Mulheres de
Montes Claros na próxima semana.
Segundo a delegada Karine Maia Costa de Faria,
responsável pelo caso, a idosa morava sozinha em uma casa isolada, sem vizinhos
ao redor, no pequeno povoado, de forma que mesmo que conseguisse gritar e pedir
socorro durante o crime, ninguém a ouviria. Por ter dificuldades de ouvir e de
enxergar, já que é quase cega, a vítima não conseguiu reconhecer o suspeito.
Mesmo assim, ele confessou o crime, e foi preso cerca de 10 dias depois.
A idosa teve a casa
invadida pelo rapaz, que alegou estar bêbado na ocasião, e foi violentada por
ele. “Ele não chegou a bater nela, nem agir com outro tipo de violência a não
ser o próprio estupro. Mas pela violência da penetração, já que a vítima não
tinha lubrificação e era virgem, ela acabou tendo uma hemorragia e teve que
fazer uma sutura”, explicou a delegada. Na manhã seguinte após o crime ela foi
levada ao hospital, onde o médico constatou o rompimento do hímen.
Quem encontrou a
mulher, que provavelmente passou o resto da noite sentada na cama em estado de
choque, foi a cuidadora dela. “Essa senhora chegou na casa da idosa e a viu
sentada na cama, paralisada, e disse que ela só falava ´judiaram de mim,
judiaram de mim´, mas não conseguiu entender nada além disso. Somente quando a cuidadora
foi limpar a cama é que ela percebeu que a idosa estava completamente suja de
sangue”, explicou Faria. Após isso, a mulher acionou a Polícia Militar e o
SAMU.
Ainda na fase do
atendimento da ocorrência pela Polícia Militar, alguns moradores apontaram o
rapaz de 18 anos como suspeito, e as investigações da Polícia Civil continuam
para se descobrir o porquê da suspeita imediata ter recaído sobre ele.
Na casa do rapaz, a
polícia encontrou uma calça e chinelos sujos de sangue. O material genético foi
recolhido para a realização de exames de DNA e está em posse da perícia. O
suspeito foi interrogado no dia 12 de novembro e confessou o estupro. Ele
relatou com riqueza de detalhes o ocorrido, e o relato estava em consonância
com o da vítima, o que fez a polícia confirmar a sua autoria no crime. Em
nenhum momento ele mostrou arrependimento pelo que fez, apenas frieza. “Só
chorou quando foi preso. Chorou muito”, contou a delegada.
Apesar da dificuldade
em ouvir e enxergar, a idosa conseguiu relatar com alguns detalhes o ocorrido.
Ela disse que após o estupro, o rapaz ainda ficou por cerca de uma hora na
cozinha da casa dela, detalhe que também foi confirmado pelo suspeito, mas ele
não esclareceu o que estava fazendo.
“Neste mesmo dia que
nós o interrogamos eu protocolei o pedido de prisão preventiva, mas o pedido só
foi aceito na sexta-feira (21). Desta forma, nós não pudemos o prender durante
este período, mas tentamos monitorá-lo para evitar que ele fugisse”, explicou a
delegada.
Ainda conforme a
delegada, o suspeito ainda morava com os pais e permanece detido
preventivamente no presídio de Montes Claros. “As investigações continuam,
ainda vamos fazer diligências, e também estamos analisando a possibilidade de
reconstituir o crime na próxima semana. Também iremos analisar se ele tem algum
distúrbio mental, o que não parece ser o caso. Mas estuprador nunca fala o
motivo, né? Em homicídios a gente pode ter um motivo, uma briga, ciúme. Mas
estupro não há um motivo, é tara, perversão sexual. Ele não disse que foi
porque a senhora era virgem, mas pode ter sido, ele pode ter ficado sabendo
disso”, esclareceu Faria.
Quanto a idosa, ela já
está fora de perigo, mas permanece em estado de choque. “Ela está muito
traumatizada e não conseguiu nem voltar pra casa. Por enquanto, ela está
ficando na casa da cuidadora dela”, contou a delegada.
O crime de estupro de
vulnerável no Brasil prevê pena de 8 a 15 anos de prisão, mas devem haver
agravantes neste caso, que podem aumentar a pena, conforme a policial. (Fonte: Juliana
Baeta do Jornal “O tempo”)
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