*Por Marcos Pontes
Não havia no povoado pior emprego do que 'porteiro da casa noturna'.Mas
que outra coisa poderia fazer aquele homem? O fato é que nunca tinha aprendido
a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.
Um dia, entrou como gerente da casa noturna um jovem cheio de ideias,
criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento. Fez mudanças
e chamou os funcionários para as novas instruções. Ao porteiro disse:
- A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar
um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que entram e seus
comentários e reclamações sobre os serviços.
- Eu adoraria fazer isso, senhor, balbuciou - Mas eu não sei ler nem
escrever.
- Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir
trabalhando aqui.
- Mas senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida
inteira, não sei fazer outra coisa.
- Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos
dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu sinto
muito e que tenha sorte.
Dito isso, deu meia volta e foi embora. O porteiro sentiu como se o
mundo desmoronasse. Que fazer? Lembrou que na casa noturna, quando quebrava
alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho. Então ele usaria
o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa e
começaria a fazer bicos no povoado que morava.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias
em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra. E assim
fez. No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
- Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.
- Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar, já
que...
- Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.
- Se é assim, está bem.
Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e
disse:
- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?
- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de
ferragens mais próxima está a dois dias de viagem, de mula.
- Façamos um trato - disse o vizinho.
Eu pagarei os dias de ida e volta, mais o preço do martelo, já que
você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias. Aceitou. Voltou
a montar na sua mula e viajou. No seu regresso, outro vizinho o esperava na
porta de sua casa.
- Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo. Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus
dias de viagem, mais um pequeno lucro para que você as compre para mim, pois
não disponho de tempo para viajar para fazer compras. Que lhe parece?
O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um
alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E
nosso amigo guardou as palavras que escutara: 'Não disponho de tempo para
viajar para fazer compras'. Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar
que ele viajasse para trazer as ferramentas. Na viagem seguinte, arriscou um
pouco mais de dinheiro, trazendo mais ferramentas do que as que já havia
vendido. De fato, poderia economizar algum tempo em viagens. A notícia começou
a se espalhar pelo povoado e muitos, querendo economizar a viagem, faziam
encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e
trazia o que precisavam seus clientes. Com o tempo, alugou um galpão para
estocar as ferramentas e alguns meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e
transformou o galpão na primeira loja de ferragens do povoado. Todos estavam
contentes e compravam dele.
Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam os pedidos. Ele era um bom
cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua
loja de ferragens, a ter de gastar dias em viagens. Um dia ele lembrou de um
amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as
cabeças dos martelos. E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as
talhadeiras, etc ... E após foram os pregos e os parafusos... Em poucos anos,
ele se transformou, com seu trabalho, em um rico e próspero fabricante de
ferramentas.
Um dia decidiu doar uma escola ao povoado. Nela, além de ler e
escrever, as crianças aprenderiam algum ofício. No dia da inauguração da
escola, o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e disse:
- É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a
honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas desta
nova escola.
- A honra seria minha, disse o homem. Seria a coisa que mais me daria
prazer, assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou analfabeto.
- O Senhor? disse incrédulo o prefeito. O senhor construiu um império
industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:
- O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?
- Isso eu posso responder, disse o homem com toda a calma: - Se eu
soubesse ler e escrever... ainda seria o PORTEIRO DA CASA NOTURNA!
Essa história é verídica, está no SITE DO EMPREENDEDOR, e refere-se a um grande industrial chamado Valentin Tramontina, fundador das Indústrias Tramontina, que hoje
tem 10 fábricas, 5.500 empregados, produz 24 milhões de unidades variadas por
mês e exporta com marca própria para mais de 120 países – é a única empresa
genuinamente brasileira nessa condição. A cidadezinha citada é Carlos Barbosa,
e fica no interior do Rio Grande do Sul.
*Marcos Pontes é Universitário e Funcionário Público.
MEUS DEUS!!! QUE MARAVILHA, LINDO D+++, REALMENTE UMA LIÇÃO DE VIDA.
ResponderExcluirQuanta MENTIRA em poucas linhas.
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