*Dr.
Paulo Lima
Hoje amanheci lembrando essa
linda canção – “verdade chinesa” - que foi imortalizada na extraordinária voz
de EMÍLIO SANTIAGO, um dos maiores intérpretes da nossa música popular e, por
este motivo, resolvi dar este título ao meu artigo. Mas não foi somente por
isso. É que neste final de semana tive a satisfação de conversar com dois
grandes amigos e, entre um gole e outro de cerveja, que ninguém é de ferro,
ouvi, atentamente, algumas verdades. Disse-me um deles, com grande propriedade
e sabedoria, que nesta altura do campeonato não queria outra coisa de vida a
não ser fazer o que tem vontade: viver. E viver cada dia com prazer, buscando
ser feliz, através das coisas simples da vida, como por exemplo, conversar com
amigos ao redor de uma mesa, tomando cerveja. Eis aí uma verdade chinesa. Reprisando um ditado latino: “in
vino veritas”. Ou, mais
propriamente, “a verdade está no vinho”! Tem toda razão este meu amigo.
Eu não sei se algum de vocês,
que me leem neste momento, já parou para refletir sobre a letra desta bela
canção, mas o fato é que ela nos dá uma lição de vida. Pois é. A grande verdade é que passamos a
maior parte de nossas vidas “seguindo a cartilha que alguém ensinou”; “seguindo
a receita de uma vida normal”. Mas, afinal, o que é uma vida normal? Será que é,
por exemplo, seguir a doutrina de uma religião, mesmo que para isso tenha que “comer
o pão que o diabo amassou”, “perdendo da vida o que tem de melhor”? Penso que
não...
A verdade, confesso, é que nunca
fui muito de seguir uma doutrina religiosa, mas creio no primeiro mandamento da
Lei de Deus e, na medida do possível, procuro observá-lo, pois acredito que o
amor a Deus consiste em não fazer ao seu semelhante aquilo que não se deseja
que seja feito consigo, ou seja, tratar as pessoas com generosidade. E por
falar em generosidade, o Brasil perdeu nesta segunda-feira um homem
extraordinário: Antônio Hermírio de
Moraes.
Filho de Pernambucano,
construiu um dos maiores impérios da indústria brasileira e chegou a ser um dos
cem homens mais ricos do mundo, segundo a revista “Forbes”. Entretanto, nunca
perdeu a sua simplicidade e o sentimento de solidariedade para com os mais
pobres. Presidiu durante anos o Hospital da Beneficência Portuguesa, em São
Paulo, contribuindo, inclusive financeiramente, com um dos maiores hospitais
beneficentes da América Latina, que, embora seja privado, tem a quase
totalidade do seu atendimento voltado prioritariamente para os mais
necessitados, através do SUS – Sistema Único de Saúde.
Nos últimos anos ele tinha
saído de cena, em razão da doença silenciosa e, ao mesmo tempo cruel, que lhe
acometia, e a sua morte somente não passou despercebida por conta de algumas
notícias, retransmitidas nos meios de comunicação, sem muito destaque. Assim é
a vida.
Finalizo este texto,
relembrando uma frase de Antônio Hermírio: “O empresário que não acredita no
Brasil deve comprar passagem só de ida”.
Me desculpem os que pensam o
contrário, mas, este sim, foi um grande homem público que merece dos brasileiros
o devido respeito e todas as homenagens, pois, em verdade, ele nunca desistiu do Brasil!
Um abraço a todos.
*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade
Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente
exerce o cargo de Procurador Federal.
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