Esses dias tenho
pensado mais que costumeiramente soe acontecer, sobre alguns aspectos da vida,
não sei bem por que. E certamente não é
porque um ano terminou e outro está começando que estes pensamentos têm chegado
à minha mente, com certa frequência, pois, para mim, este fato não causa grandes
alterações emocionais. Ao meu sentir, é mais uma folhinha que viramos no
calendário da vida. Acredito que sãos os anos já vividos que começam a pesar
sobre os meus ombros, já que, faz algum tempo, ultrapassei os degraus da subida
e começo a descer a passos lentos, felizmente, rumo ao ocaso. Assim é a vida:
um caminhar constante e inarredável em direção a um destino inexorável, que,
sabemos nos espera adiante, mas que, inconscientemente, torcemos para que o final
desta viagem seja o mais demorado possível.
Às vezes penso que
a vida é como uma morada. A gente nasce, cresce e quando nos entendemos por
gente, como se diz no popular, começa a crescer dentro de nós um sentimento, um
desejo de procurar alguém para compartilhar nossos sonhos, ilusões e desilusões.
Quando esse alguém surge em nosso caminho, traçamos planos e, como primeira
meta, escolhemos essa pessoa como companheira ou companheiro para seguirmos juntos
essa vereda. Depois, surgem outros
sonhos, como por exemplo, conseguir um bom emprego para garantir o sustento, ter
filhos e, claro, possuir uma casa, um teto para morar, sendo este, creio, o
grande objetivo da maioria das pessoas. Talvez
seja porque até os passarinhos, quando acasalam, cuidam logo em providenciar um
ninho, onde nascerão os seus filhotes, construindo-o graveto por graveto, num
emaranhado preciso e milimetricamente planejado, transformando-o num abrigo
seguro. Porque com a gente seria diferente?
Hoje em dia, poucas
são as pessoas que podem sentir a satisfação de construir uma casa,
principalmente nas grandes cidades, já que não se costuma mais edificar
moradias, porém, adquiri-las prontas, a exemplo dos apartamentos nos edifícios.
A não ser que você mora nas pequenas cidades do interior, aí, sim, ainda se
pode ter esta sensação, esta satisfação de construir uma morada, vendo subir
tijolo a tijolo, tomando forma, até se transformar em um lar.
Eu gosto sempre de
comparar a vida com uma morada. Pois é. Uma
casa para se tornar um abrigo seguro precisa primeiro, de um bom mestre de
obras. Após isto, necessita ser construída tijolo a tijolo, tijolos estes, que
têm que ser feitos de um bom barro, bem cozidos. A casa deve ser bem alicerçada,
suas paredes levantadas com maestria, unidas por uma liga de cimento e areia,
forte o suficiente para durar por prazo indefinido, o mais longo possível.
Nossa vida, também,
é uma casa em constante construção e os tijolos são os nossos sonhos, mas,
também e principalmente as nossas ações. Portanto, se não escolhermos bons
tijolos e não fizermos uma liga forte o suficiente que garanta firmeza das
paredes, essa casa fatalmente virá a desmoronar de forma inesperada, o que
causará prejuízos imensuráveis à nossa alma, deixando-a ao desamparo. Sejamos,
pois, bons mestres de obras, sempre.
*DR.PAULO ROBERTO
DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito
pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal, e atualmente exerce
a advocacia.
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