*Por Roberto Celestino
A razão que me incitou a falar sobre o assunto está além da torcida do
Grupo do Ex Prefeito aqui citado, que torcem pela sua absolvição no processo
que o acusam, como também da torcida de seus opositores que torcem pelo seu
fracasso ao recorrer a outras instâncias, e que seja executada a pena já declarada.
Na verdade o que me chamou a atenção foi a defesa do Ex-prefeito
quando citou que parte da quantia(pequena por sinal) fora usada para auxílio de
um paciente que fazia tratamento de hemodiálise nas cidades de Carpina e de
Recife. A princípio, algumas pessoas disseram ter ouvido do ex-prefeito que o
paciente por ele citado tratava-se do Sr. “Valdemar de Manoel Padre”, como era
conhecido esse senhor que de fato fazia tratamento de hemodiálise na época.Hoje
porém,(25/10/2013), tive a oportunidade de ouvir do próprio Sr. Jânio Arruda da
Silva,quando em entrevista à Radio Taquaritinga FM, ele mencionou o nome do Sr.
Valdemar como sendo beneficiário de parte desse dinheiro do qual ele (Jânio
Arruda) é acusado de utilizar, indevidamente, em proveito alheio, a renda
pública, crime capitulado no art. 1º, inc. I, do Decreto-Lei nº 201/67.
Permaneceria eu no meu sábio e confortável silêncio, se o nome da
pessoa mencionada como beneficiário não fosse o Sr. Valdemar, que eu o conhecia
muito bem, foi meu ex-sogro, e eu acompanhei de perto toda a trajetória da sua
doença, pois eu o conhecia desde o tempo que era saudável até a sua morte.
Causa-me espanto ao ouvir do ex-prefeito o Sr. Jânio Arruda da Silva,
a declaração que ajudava esse senhor, e o meu espanto não é sem motivo diante
dos fatos que relato a seguir:
“Valdemar Leandro de Oliveira, ou simplesmente, Valdemar de Manoel
Padre, muito conhecido na cidade por ser um excelente pedreiro e também cidadão
de conduta exemplar. Aos 47 anos de idade foi acometido por complicações renais
que o levaram ao tratamento de hemodiálise durante 06 anos até a sua morte que
se deu em junho do ano 2000.
Ainda no início de sua doença, antes mesmo de iniciar as sessões de
hemodiálise, ficou impossibilitado de trabalhar, o que levou muitas pessoas a o
ajudarem no sustento de sua casa e até custeando medicamentos. Politicamente,
Valdemar era eleitor fiel do grupo do ex-prefeito Jânio Arruda, no entanto,
recebia a visita e ajuda das pessoas indiscriminadamente, pois era muito
conhecido e querido por todos. O problema de saúde evoluiu, e houve a
necessidade de dar início as sessões de hemodiálise no Hospital das Clínicas na
cidade de Recife, onde vinha fazendo seu tratamento de saúde.Como naquela época
ainda não era comum os casos que necessitavam de hemodiálise em nossa cidade,
não existia um transporte exclusivo para tal, daí, os familiares procuraram a
prefeitura para disponibilizar o transporte, onde conseguiram por duas vezes
uma ambulância que vinha de Pão de Açúcar(esse fato foi relatado pela sua
esposa Nina), pois alegavam que o município não teria transporte para atender a
este caso.
O período que iniciou fazer hemodiálise, coincidiu com período
eleitoral, uma triste coincidência que faria Valdemar amargar o sofrimento e
humilhação pelo resto de sua vida. Em uma dessas campanhas pelo bairro Zamba,
bem pouco habitado ainda, o grupo do ex-prefeito ao fazer um trabalho porta a
porta, esteve na casa de Valdemar, embora esse não estivesse em casa, pelo fato
daquele dia ser um dos que fazia sessão de hemodiálise, que dava-se três vezes
por semana.Na ocasião, colaram fotos dos candidatos nas paredes da casa e
prosseguiram seu trabalho.Ao chegarem em casa, perceberam as fotos e em
conversa chegaram a seguinte conclusão:Embora sendo eleitores fiéis daquele
grupo, estavam recebendo ajuda de muita gente inclusive do outro grupo
político,tais como:Dr. Aldenir, Luiz do Sindicato,Lenivaldo, Zezé Arnóbio,entre
tantos outros, então não seria sensato posicionar-se daquela maneira, afim de
não demonstrar ingratidão a ninguém.Nina, esposa de Valdemar, pediu a seu genro
que retirasse todas as fotos ali coladas,e este o fez de imediato.
A partir daí, deu-se por parte do grupo do então prefeito, uma
perseguição que só aumentaria o sofrimento do pobre Valdemar. Não houve mais
transporte para o conduzir a cidade do Recife(posteriormente o seu tratamento
foi transferido para o Hospital das Clínicas na cidade de Carpina),chegou a
viajar para fazer o tratamento no ônibus da empresa 1002, e a tardinha voltava
de lotação.Para essa viagem acontecer, dependia da ajuda das pessoas que doavam
dinheiro para completar a quantia necessária.Depois disso conseguiu viajar com
um senhor de Vertentes conhecido por Careca, que fazia lotação no seu Toyota, e
também por muito tempo com outro senhor conhecido por Noné, esse tinha uma D20
de lotação. Nesse período, conseguiu por parte do Ministério da Saúde a ajuda
financeira necessária para custear as despesas com o tratamento, no entanto,
receberia através da Prefeitura Municipal. Quando era avisada pelo pessoal de
Limoeiro e de Bom Jardim que o dinheiro já estava disponível, a Sra. Nina se
dirigia à Prefeitura para receber, e por muitas vezes a fizeram voltar de mãos
vazias alegando que não havia dinheiro disponível, fato que era rapidamente
negado pela Assistente Social que o acompanhava.Com esse dinheiro, pagavam
carro três vezes por semana para realizar a viagem, mas com o tempo contraíram
dívida com os motoristas que os conduziam, pois o valor não era suficiente para
custear todas as despesas, sem contar com a atraso que dava-se em repassá-lo
pela prefeitura. Voltemos ao transporte, onde o ex-prefeito alega ser acusado
injustamente por ter ajudado a Valdemar.
Se endividando cada dia por não poder pagar ao transporte de lotação
que os conduzia, passou a depender do favor das pessoas que tinham um veículo
para o levarem para o seu tratamento, entre esses posso citar alguns (me
perdoem os que não cito, pois não lembro de todos) que na medida do possível se
mostraram dispostos a ajudarem:
Pr. Roberto Tavares, que quando não podia levá-los me emprestava o
carro para que eu o fizesse. O Sr. Doda da padaria(hoje falecido) que cedia o
carro para que eu o levasse ao tratamento, e muitas vezes me permitiu sair(na
época eu trabalhava na sua padaria) para que o fizesse em outro carro.O seu
irmão(de Doda) Rafael Marcelino que agia da mesma forma,Daniel do Restaurante
Porta da Cidade de Santa Cruz do Capibaribe que mandava seu carro,Zezé
Marques,Kaká de seu Zé Costa,Maurição, Dr. Aldenir e tantos outros.
Além desses nomes, há muitos outros que o ajudaram, que a Sra. Nina é
eternamente grata.Aliás,quem quiser (muito)mais informações sobre o caso pode
conversar com Nina, que lembra de tudo com precisão, tenho certeza que terá o
maior prazer em compartilhar com quem desejar.
Não sei se a ajuda a que se refere o ex-prefeito foi uma última vez em
que cedeu o carro para levar Valdemar á Carpina, onde na ocasião, enquanto o
acomodávamos no veículo, o motorista permitiu um movimento brusco no veículo,
onde quase causou a queda de Valdemar, trazendo desespero e gritaria aos
presentes, fato que ainda hoje emociona e indigna que presenciou. Em junho de
2000, O Senhor chamou a Valdemar, acabando com o seu sofrimento da doença e da
humilhação sofrida por aquele que hoje usa seu nome para defender-se.
Realmente não posso afirmar que o argumento usado pelo ex-prefeito em
sua defesa seja totalmente falso, afinal, como fora aqui mencionado ele cedeu
por duas ou três vezes por um período de 06 anos, o veículo para conduzir Valdemar
ao tratamento de hemodiálise, no entanto, causa-me dúvida e espanto tal
argumento, onde no meu direito compartilho minha dúvida com os demais: SERÁ?"
*Roberto Celestino é músico, cordelista e funcionário público municipal.
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