*Dr. Paulo Lima.
Ainda lembro quando criança, na escola em que estudei, em minha
cidade, Vertentes, da professora Maria Enedina, ensinando lições de como deveríamos
amar o nosso país. Assim cresci aprendendo a gostar do meu país, sem ufanismos
exagerados, mas também sem qualquer complexo de vira latas. Hoje em dia não sei
se ensinamentos como esses são ministrados às nossas crianças e jovens, na
escola.
O que sei é que, não raras vezes, vemos pessoas, algumas próximas
de nós, a descerem a lenha no Brasil, “botando prá torar”, no dizer de
“Dona Irene”, generalizando a torto e a direito, como se o nosso país fosse culpado
por todas as mazelas que afligem a humanidade. E não é bem assim, convenhamos,
pois, como sabemos, um país é formado de cidadãos, uns bons, outros nem tanto,
que agrupados findam por constituir a sociedade em que vivemos.
Recentemente assistimos a manifestações das mais diversas, a
exemplo dos fatos vergonhosos praticados por pessoas durante a greve da Polícia
Militar aqui em nosso Estado e, em outra escala, por força do patrocínio, pelo
nosso País, da Copa do Mundo.
Sempre defendi e repiso, que o Brasil não precisa de Copa! Carece,
e muito, de melhor assistência médico-hospitalar para a nossa população, boas
escolas, traduzindo-se numa melhor educação para as nossas crianças e jovens e
de moradia digna, conforme previsto na vigente constituição Federal. Aliás, nem acredito no propalado legado que
esse evento esportivo, de feições mercantilistas vai deixar para nós. Mas, nem
por isto temos o direito de esculachar com o lugar onde nascemos, assim penso.
Agora, fazendo uso de um adágio popular, “Inês é morta” e a nós só cabe torcer
pela vitória do nosso elenco!
O mais engraçado é que quando se trata de descer o pau no Brasil
algumas pessoas o fazem com tal satisfação que chegam a beira do orgasmo, vejam
vocês! Eu, particularmente, não gosto de falar mal de minha casa e acredito que
muito de vocês também não. Assim deve ser com o nosso País, sem que isto, necessariamente,
descambe para um falso ufanismo.
Sei que manifestações como a que assistimos cotidianamente decorre,
no mais das vezes, da forma como os políticos governam, onde os escândalos e a
roubalheira, de tão reiterados acabam por se tornar um evento cotidiano. A
culpa de quem é, se não nossa, que não sabemos votar? E, no frigir dos ovos,
será que ao descermos a lenha no Brasil não estamos a regurgitar o nosso famoso
complexo de vira-latas, no dizer de Nelson Rodrigues? E qual país do mundo é
lugar melhor para viver do que o nosso, indago? Se alguém souber a resposta,
diga que eu quero saber.
Em
tempo:
para quem não sabe, este termo, “complexo de vira-latas”, foi utilizado pelo
dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, num artigo por ele escrito para a
revista “Manchete” em maio de 1958, às vésperas da copa do Mundo, em que o
Brasil sagrou-se campeão, afastando o fantasma da derrota para o Uruguai em
pleno “Maracanã”, em 1950. Segundo ele, "por 'complexo de vira-lata' entendo
eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do
resto do mundo".
Um abraço a todos.
*Dr.Paulo
Lima é advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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