sexta-feira, 9 de maio de 2014

MAIS UM QUE SE FOI

*Dr. Paulo Lima

Como seria bom se a gente só recebesse boas notícias!  Já pensaram se a gente não perdesse pessoas a quem amamos ou admiramos e se as palavras tristeza e saudade não fizessem parte de nosso dicionário cotidiano? Mas não é bem assim, como sabemos. O certo é que a vida é formada por incertezas, mas uma coisa é certa e inexorável: a morte. Não deveria ser assim mas é. Aonde eu quero chegar, com esses lamentos, afinal?   Explico.
Até poucos instantes não sabia da morte de JAIR ROCRIGUES, já que no mundo quadricular no qual vivo nos cinco dias da semana, fechado numa sala de dezesseis metros quadrados, pouco ou nada sei do que ocorre lá fora durante grande parte do dia e somente me dou conta  que o mundo caminha ao meu redor, quando chego em casa e me sento em frente à TV para saber as notícias do dia. Infelizmente poucas são notícias boas. A maioria, porém, nos entristece. Agora a pouco soube da morte de JAIR RODRIGUES, por infarto, aos setenta e cinco anos, e fiquei a me perguntar porque a morte tem que ser tão cruel? Alguém me disse, certa feita, não lembro quem, que a morte escolhe quem vai levar. Sinceramente não acredito, pois se fosse assim, somente levaria pessoas que não fariam nenhuma falta nesse mundo de meu Deus.
Há tempos não ouvia falar em JAIR RODRIGUES, mas este cantor de voz marcante fez parte de minha juventude e certamente, de muitos de vocês que me leem neste momento. Agora me vem à lembrança aquela canção de VANDRÉ, “Disparada”, que foi imortalizada na voz de JAIR RODRIGUES na época dos grandes festivais da RECORD, que começa dizendo assim: “Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar”...  Engraçado que ela também fala de “morte, o destino, tudo”...
Acabei de lembrar do dia em que LUIZ GONZAGA morreu. Na ocasião, quando soube, tive uma sensação estranha, como se alguma coisa tivesse quebrado dentro de mim.  Eu não sei bem explicar o que senti. Eu conheci, de perto, LUIZ GONZAGA, posto que tive a felicidade de partilhar  em alguns momentos - poucos, mas marcantes - da companhia dessa lenda da nossa música nordestina. Naquele dia, fiquei com um sentimento estranho, sem querer aceitar a morte do Rei do Baião. Agora sei que este é o sentimento que toma conta de nós quando perdemos alguém importante em nossa vida.
Acho que a morte deveria fazer uma concessão para pessoas especiais e, ao invés de ceifar suas vidas, com aquela foice medonha em sua mão esquerda, trocasse por uma varinha de condão transformando-as em pássaros. Já pensaram?  A cada morte de um LUIZ GONZAGA, um JAIR RODRIGUES, ELIS REGINA, REGINALDO ROSSI (sim, ele mesmo, o eterno e inesquecível “Rei do Brega”, porque não?), nascesse em seu lugar um passarinho cantador? Certamente seríamos muito mais felizes e o mundo em que vivemos seria bem melhor.
Entretanto, diante das vicissitudes e descaminhos da vida, e diante desta certeza inexorável, a nós, pobres mortais, só nos resta guardar na lembrança suas canções e afastar a tristeza cantando, pois, afinal, como cantava o “Rei do Baião”, “saudade o meu remédio é cantar”...
Um abraço a todos.

*Dr. Paulo Lima é Advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.

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